À CNN, chefe do MP diz que AM precisa de mais 300 médicos para atender Covid

A prioridade do Ministério Público do Estado, ela diz, é a garantia de novos leitos principalmente de UTIs. Foto: Raphael Alves

26 de abril de 2020

23:04

Nícolas Marreco – Da Revista Cenarium

MANAUS – Em entrevista na noite deste domingo, 26, ao canal CNN Brasil, a procuradora-chefe do Ministério Público do Amazonas (MP-AM), Leda Mara de Albuquerque, afirmou que o Estado precisa de pelo menos 300 médicos a mais na rede pública de Saúde para dar conta do atendimento de pacientes com Covid-19 que, segundo ela, está em curva de ascendência. A entrevista foi concedida na semana passada.

Procuradora-chefe, Leda Mara de Albuquerque, concedeu entrevista no domingo, 26, ao canal CNN Brasil. Foto: Reprodução

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda 25 médicos para cada 10 mil habitantes. Na Região Norte do país, esse número é de 12,5 médicos para cada 10 mil habitantes, segundo o Ministério da Saúde. A média compreende profissionais das redes pública e privada.

No sábado, 25, o Governo convocou 656 enfermeiros para as unidades de saúde. O número de 300 médicos, Leda Mara diz, foi baseado no que as entidades de representação dos médicos, após observar o cenário amazonense de leitos, apontou.

A procuradora lembrou que pessoas já morreram sem assistência e que a prioridade do Ministério Público do Estado é garantir o máximo de leitos possíveis, principalmente de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

“Penso que o MP-AM já externou o descontentamento com as políticas públicas na saúde através de inúmeras demandas judicializadas. Antes da pandemia, inclusive. Duas promotorias cuidam exclusivamente do assunto. Para nós, a prioridade é garantir a ampliação dos leitos”, observou Leda.

Ela criticou a transferência de pacientes graves do interior para a capital por “falta absoluta de estrutura condizente”. A compra para o abastecimento adequado de Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) também foi pleiteada como extrema urgência.

“Eles [profissionais de saúde e linha de frente] lidam com uma demanda extremamente delicada. É uma situação nova, e gera desgaste emocional; agrava temor de ordem pessoal sem o necessário para proteger a vida.”, continuou. O dilema das testagens também foi tocado pela procuradora-geral. Ela diz que, mortos sem estarem confirmados para Covid-19, remetem a subnotificações.

“Isso é perigoso, e não contribui para o enfrentamento da pandemia. Temos que ter transparência nos processos e nos números que retratam a realidade”, continuou Leda Mara, lembrando que o Setor de Patrimônio Público tem um trabalho voltado nessa linha.

A procuradora-geral de Justiça finaliza informando que o Ministério Público do Amazonas vai agir de forma firme e comprometida para a garantia dos direitos à população.