À deriva, passageiros pedem socorro após embarcação ser impedida de aportar em Carauari, no AM

Segundo os moradores, eles foram impedidos pelo prefeito de Carauari, Bruno Ramalho, de adentrarem ao local (Reprodução/Internet)

26 de fevereiro de 2021

20:02

Victória Sales

MANAUS – Passageiros que retornavam a Carauari, município do interior do Amazonas (a 787 quilômetros da capital) pediram socorro via WhatsApp, nesta sexta-feira, 26, após a embarcação ser impedida de atracar no porto. À deriva desde a quarta-feira, 24, os viajantes dizem que o prefeito em exercício, o juiz Jânio Tutomu Takeda, nega o desembarque dos moradores.

De acordo com a moradora Elizete Marques, boa parte dos tripulantes volta de Manaus após realizar tratamentos de saúde. “Não temos dinheiro para ir de avião, que custa até R$ 1.500,00. Viemos de barco com ocupação reduzida em um terço da sua capacidade e com o devido controle de transmissão da Covid-19”, disse Elizete.

A viagem que já durava sete dias foi interrompida a poucas horas de chegar até o destino. “A embarcação foi abordada no meio do rio, por guardas municipais e policiais civis e militares. Por conta dessa abordagem, o barco foi escoltado até as proximidades do município de Juruá”, diz um tripulante, que preferiu não se identificar.

O outro lado

Segundo o gestor do 65º Distrito Integrado de Polícia (DIP), investigador Emerson Cardoso, a equipe do departamento recebeu denúncias anônimas de que a embarcação com destino a Carauari estava com superlotação. O investigador também disse que a decisão se baseou na situação epidemiológica do município.

“Nos deslocamos até a região informada pelo denunciante e constatamos a veracidade da denúncia. Após a abordagem, orientamos o responsável da embarcação que retornasse, ainda que tenha que arcar com as despesas materiais e de alimentação dos passageiros, que estão recebendo assistência em Juruá, antes de retornarem à capital”, comentou o delegado ao portal G1.

Abordagem

O responsável da embarcação Maria de Lurdes, Antônio Marcos, disse que a ordem era detê-lo e fazer o barco voltar até Manaus. “Uma lancha ia subir comigo detido e outra ia escoltando a embarcação. Após essa conversa, as pessoas da embarcação começaram a ficar revoltadas e disseram que nós tínhamos que montar uma comissão para ir até a cidade e o restante tinha que se deslocar até Juruá”, explicou.

Tripulantes

As pessoas continuam na embarcação desde o dia 24 de fevereiro. O Maria de Lurdes transporta crianças e idosos, além de outras pessoas que estão em fase de tratamento com medicação controlada e limitada.

Até o fechamento da matéria, o prefeito do município de Carauari não respondeu aos chamados da equipe de reportagem. O prefeito eleito, Bruno Ramalho (MDB), assim como o vice-prefeito estão afastados do cargo, após o diagnóstico positivo de Covid-19.