‘A gente recomenda prudência’, alerta economista sobre alta na intenção de consumo das famílias no Brasil

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) alcançou 82,1 pontos neste mês (Reprodução)

18 de agosto de 2022

21:08

Karol Rocha – Da Agência Amazônia

MANAUS – Tanto as famílias com mais de dez salários mínimos quanto o grupo com menos renda estão consumindo mais se comparado com o início da pandemia da Covid-19, em 2020. Esse aumento de intenção de consumo foi constatado em pesquisa nacional divulgada nesta quinta-feira, 18, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

De acordo com o estudo, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) alcançou 82,1 pontos neste mês. Este é o maior nível, desde abril de 2020, quando alcançou 95,6 pontos e está acima dos resultados do mesmo mês nos dois anos anteriores.

De modo geral, a economista amazonense Denise Kassama afirma que a intenção não quer dizer, necessariamente, que as pessoas estão consumindo mais. Mas, se comparado com o período de pandemia da Covid-19, em que diversas pessoas ficaram em casa e estabelecimentos foram fechados, com os dias atuais, faz sentido que a população tenha sede de gastar.

“Na medida em que a gente se distancia do período crítico da pandemia, é lógico que as famílias que têm um pouquinho mais de estabilidade econômica vão pensar em adquirir outros bens. Na pandemia, evidente que houve uma grande retração, na intenção do consumo, por conta da expectativa econômica que o momento gerava”, explicou.

“Enquanto a pandemia vai sendo consolidada, as empresas estão voltando a se recuperar, principalmente, o setor de serviço e turismo. As famílias com renda mais estável procuram melhorar seus hábitos de consumo que retraíram no período de pandemia”, disse ainda.

Crescimento

Sobre o crescimento de intenção, o indicador avançou 1,1%, mantendo a tendência de alta iniciada em janeiro deste ano. Este resultado é grande parte puxado pelo otimismo das famílias com renda acima de dez salários mínimos. Para esse grupo, a intenção de compras subiu 3,3%. Já para o grupo de menor renda, a ICF apresentou variação de 0,4%, o que indica estabilidade.

Mas a população em geral precisa de cautela. Ela afirma que, enquanto a alta dos alimentos forem crescentes, a recomendação é prudência. “As famílias precisam evitar o endividamento, porque os juros sobre dívidas são juros muito altos e corroem mais ainda o pouco que é recebido. Então, o que a gente recomenda é prudência, procurar os preços, antes de consumir, e variar o cardápio. O momento precisa de cuidado”, acrescenta a economista.

O ICF mede, em uma escala de 0 a 200, a satisfação dos consumidores em relação ao cenário de consumo. Resultados abaixo de 100 sugerem insatisfação, enquanto os acima desse valor apontam satisfação. 

Todas as unidades da federação são contempladas na pesquisa, totalizando 18 mil questionários analisados mensalmente. Como as informações estão sujeitas ao comportamento sazonal do nível de atividade do comércio e da atividade econômica em geral, as séries são dessazonalizadas por meio do método de médias móveis centradas, permitindo a comparação mensal (mês sobre o mês anterior) dos componentes. O estudo está disponível neste link.

Endividados

Em relação a endividamento, no mês passado, o Brasil alcançou o maior número de inadimplentes desde o início da série histórica em 2016. São, atualmente, 66,6 milhões de pessoas que estão com os nomes negativados por dívidas.

Os números do Mapa de Inadimplência de 2020 a 2022, do Serasa Experian, mostram que o Amazonas ficou em primeiro lugar, no ranking de Estados com maior número de endividados, com 51,75% pessoas em débito com as contas. Além disso, outros quatro Estados da Amazônia também estão na lista.

O Amapá ocupa o segundo lugar, com 48,3%; o Mato Grosso está na quarta posição, com 47,6%; na sequência Roraima, com 46,6%, e o Acre, com 45,5%. O único que não entrou na lista dos mais endividados da Região Norte do Brasil foi o Pará, ficando no 22° lugar, com pouco menos de 36,6% na colocação.

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