28 de julho de 2021
20:07
Cassandra Castro – Da Cenarium
BRASÍLIA (DF) – O Brasil e a Amazônia têm papel estratégico na produção mundial de alimentos num cenário de superpopulação. De acordo com relatório das Nações Unidas, a Terra terá até 2050 quase 10 bilhões de habitantes. Se este número realmente for confirmado, serão necessários quase três planetas Terra para garantir a manutenção do atual estilo de vida dos seres humanos, segundo o Banco Mundial.
A responsabilidade vai cair sobre os ombros dos países localizados nas zonas tropicais e o Brasil se destaca nesta tarefa por inúmeros fatores, como afirma o engenheiro agrônomo e ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues: “O mundo confia no País por três razões: terras disponíveis, gente capaz e tecnologia tropical sustentável que tem avançado, principalmente, a partir da década de 1990”.
Ele acredita que a tecnologia é a maior aliada na busca de um aumento significativo de produtividade agrícola sem ameaçar biomas e florestas, como é o caso da floresta amazônica. Na opinião dele, a integração lavoura-pecuária-floresta é uma prática que comprova ser possível produzir sem derrubar uma única árvore da Amazônia.
Para o agrônomo Alysson Paolinelli, a Amazônia é vital quando o assunto é clima e produção agrícola devido ao fenômeno conhecido como “rios voadores”, imensos volumes de vapor de água vindos do oceano Atlântico e que ganham força na Amazônia e de lá seguem para vários Estados brasileiros, principalmente os localizados no centro-sul.
“Temos que ter, com relação à Amazônia, muito cuidado porque ela também é um grande repositório biológico e em plena era da chamada bioeconomia tenho certeza que a ciência vai procurar uma forma de obter na Amazônia as maiores soluções biotecnológicas para o desafio da produção de alimentos”, disse.
Paolinelli também dá destaque ao Brasil que criou há 40 anos, uma agricultura tropical altamente sustentável. Isso, na visão dele, garante que a produção brasileira pode crescer sem a necessidade de incorporar nenhum hectare sequer, o que significa, na prática, menos desmatamento.
“O desmatamento não é vantajoso para o Brasil, diretamente a agricultura não depende dele, porém, as falhas da Amazônia, de todo o processo da evapotranspiração que forma os rios voadores pode prejudicar a produção no País. Temos que coibir o desmatamento e a nossa esperança é que a ciência demonstre que a árvore vale mais em pé do que caída”, finalizou.