‘A vontade do povo tem que acontecer’, diz parlamentar de Rondônia ao defender 7 de setembro

O tom ainda incerto em relação ao feriado é resultado do embate político que permeia a esfera do governo Federal (AFP/Reprodução)

06 de setembro de 2021

20:09

Iury Lima – Da Cenarium

VILHENA (RO) – Em entrevista nesta segunda-feira, 6, o deputado estadual de Rondônia, Cirone Deiró (Podemos), defendeu os atos previstos no dia da Independência. “A vontade do povo tem que acontecer. Esse é o meu pensamento em relação às manifestações”, disse o parlamentar, que acredita que os eventos devem ocorrer de “forma ordeira e pacífica”.

O tom ainda incerto em relação ao feriado da próxima terça é resultado do embate político que permeia a esfera do governo Federal. De um lado, o presidente da República, Jair Bolsonaro, incita que o povo saia de casa em defesa da Constituição, por meio de afirmações que desafiam, por exemplo, o Supremo Tribunal Federal (STF).

De outro lado, mais de 200 cidades brasileiras já confirmaram atos contra o governo federal, incluindo Porto Velho, a capital de Rondônia, em um 7 de Setembro tão comentado, especulado e analisado como nunca antes na história brasileira.

O deputado estadual de Rondônia, Cirone Deiró. (Reprodução/ALE-RO)

Solidez

“Nós temos uma democracia sólida. No entanto, nós temos que ter a harmonia dos poderes. Nós não podemos ter interferência de um poder sobreposto ao outro. Isso pode confundir e trazer desgaste. Então, eu vejo que na política, precisa haver esse  respeito. As instituições precisam ser respeitadas e cada poder precisa ter o seu papel na democracia”, declarou o deputado Cirone. 

“Eu não acredito em violência. O povo brasileiro é um povo ordeiro, um povo trabalhador. É um povo que quer os seus direitos respeitados. O direito de liberdade de expressão, o direito de ir e vir, essa é a manifestação que o povo brasileiro quer. Acredito que haverá, sim, manifestação em apoio à democracia e ao Estado de direito brasileiro”, pontuou o deputado.

Cenário estadual

Pelo segundo ano consecutivo, as principais avenidas dos 52 municípios rondonienses não vão servir de passarela para os tradicionais desfiles e cerimônias organizados pelas prefeituras em comemoração à Independência do Brasil. No entanto, atos organizados por grupos da sociedade civil devem tomar as ruas nesta terça-feira. 

Um deles é o ato “7 de Setembro por Pão, Terra e Nova Democracia”, com concentração em frente ao Centro Político-Administrativo de Porto Velho. O protesto é de oposição aos movimentos convocados por Bolsonaro, e integra as ações que devem ocorrer em mais de 200 cidades do Brasil e do exterior contra o governo federal brasileiro.

Em resposta à CENARIUM, a prefeitura de Porto Velho informou que não realizará atos oficiais. Já a prefeitura de Vilhena, município do interior, a 705 quilômetros da capital, disse, em nota, que vai realizar hasteamento das bandeiras na Praça dos Três Poderes, com autoridades militares, políticas e administrativas, “conforme feito no ano passado, em respeito às medidas de segurança em saúde da pandemia de Covid-19”.

Sobre a segurança empregada nas ruas, diante da possibilidade de manifestações e protestos violentos, a prefeitura informou que “as forças de segurança são todas de responsabilidade do Governo do Estado de Rondônia e da União”. O governo, por sua vez, não respondeu aos questionamentos. 

Extremismo

Presidente convoca população novamente para protestos do dia 7 de setembro. (Reprodução/Twitter)

Enquanto os executivos municipais e até o mesmo o estadual substituem grandes atos de solenidade pelo simbólico hasteamento da bandeira e ao cântico de hinos da pátria brasileira, os protestos esperados, ocupando lugar das ruas, além de seguir os mais diversos contextos ideológicos, devem expor ainda a polarização presente na política, figurada pelo cansativo embate entre a esquerda e a extrema-direita.

Nesta segunda-feira, 6, véspera do feriado, Bolsonaro usou o Twitter para convocar a população, mais uma vez, a ir às ruas protestar no dia 7 de setembro. “Na próxima terça-feira, 07/setembro, comemoraremos o nosso 199° aniversário da independência do Brasil”, escreveu o presidente, convocando os cidadãos na sequência.

“Independência está associada à liberdade. Assim sendo, também no escopo dos incisos XV e XVI, do art. 5° da nossa CF, a população brasileira tem o direito, caso queira, de ir às ruas e participar dessa nossa data magna em paz e harmonia”, destacou.

Ultimato

O convite à população veio após a declaração feita por Jair Bolsonaro, na semana passada, durante um evento no interior da Bahia, quando disse que as manifestações do dia sete seriam um “ultimato” ao STF.

“Nós não precisamos sair das quatro linhas da Constituição. Alí temos tudo o que precisamos, mas se alguém quiser jogar fora dessas quatro linhas, nós mostraremos que poderemos fazer também”, afirmou Bolsonaro, lançando uma indireta aos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. 

“Eu duvido que aqueles um ou dois que ousam nos desafiar, desafiar a constituição, desrespeitar o povo brasileiro, saberãovoltar para o seu lugar. E o recado de vocês, povo brasileiro, nas ruas, na próxima terça-feira, dia 7, será o ultimato para essas duas pessoas. Curvem-se à Constituição! Respeitem a nossa liberdade! Entendam que vocês dois é que estão no caminho errado”, esbravejou.