Academia Brasileira de Cinema indica ‘Bandidos na TV’ para prêmio de melhor documentário

Com repercussão mundial, a produção 'Bandidos na TV' contou a história do conturbado 'Caso Wallace', que expôs o mundo cão dos programas policialescos no Brasil (Reprodução/Internet)

27 de agosto de 2020

19:08

Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Um dos mais comentados documentários produzidos no Brasil na última década, a série “Bandidos na TV” (Killer Ratings – Netflix, Brazil 2019) está concorrendo ao prémio de ‘Melhor Documentário em Série’ para televisão paga no 19º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. Entre as dezenas de produções documentais lançadas no ano passado, “Bandidos na TV” ficou em sexto lugar no ranking de mais vistos da Netflix.

O evento acontecerá em São Paulo de forma virtual no dia 10 de outubro e será transmitido pela TV Cultura. Entre os nomes que compõem a premiação estão obras como “A Vida Invisível” de Karin Aïnouz, “Simonal” de Leonardo Domingues, “Hebe – A estrela do Brasil” de Mauricio Farias e o aclamado “Bacurau” de Kléber Mendonça Filho e Juliano Dornelles.

Com grande audiência nas periferias de Manaus, o Programa Canal Livre catapultou a carreira política do então apresentador Wallace Souza (Reprodução/Internet)

A produção que retrata a vida do ex-deputado amazonense Wallace Souza que foi acusado de mandar matar criminosos para mostrar em seu programa de televisão, o Canal Livre, no acontecimento que ficou conhecido mundialmente em 2009, como “Caso Wallace”, retrata o valor e a importância do formato de documentário.

É o que afirma o produtor e diretor amazonense Emerson Medina. Medina é autor de quatro produções divididas entre ficção e documentário, ele também foi o responsável autoral de uma websérie denominada “Largo de São Sebastião”.

“A indicação destaca a força do documentário e também serve para mostrar que as boas histórias estão em todo lugar”, reforçou. Medina também destacou os investimentos e resultados que grandes empresas como a Netflix estão fazendo no formato.

A banda pós-punk norte-americana Protomarty fez versão em videoclipe da cômica luta entre o fantoche ‘Galerito’ e o vendedor Gil da Esfirra (Reprodução/Internet)

O cineasta amazonense Sérgio Andrade, autor dos longas como “A Floresta de Jonathas”, “Antes o Tempo na Acabava” e “A Terra Negra dos Kawá”, disse que o documentário traduziu um enredo inacreditável até então.

“Assisti à produção toda e tenho críticas a alguns episódios, mas devo reconhecer que o documentário em série ficou perfeito para contar uma história que por si só já é incrível”, argumentou.  

Produção imparcial

Filho de Wallace Souza, Willace Souza – um dos participantes do documentário – entende que a indicação de “Bandidos na TV” ao prêmio de melhor documentário em série é justa. “Toda a produção merece porque foi um trabalho imparcial e eles deram uma aula de jornalismo para o Amazonas e o Brasil”, declarou.

O filho do apresentador Wallace Souza, Willace Souza, tenta reacender o ‘Canal Livre’ em versão do programa na internet (Reprodução/Internet)

Willace comentou ainda que o documentário deixou uma grande lição sobre o papel da imprensa na cobertura de pautas sociopolíticas. “Acredito que o documentário leva a uma reflexão sobre a força do jornalismo e a responsabilidade que os jornalistas atuais e os que virão devem carregar”.

Entre os jornalistas investigativos que participaram da fase inicial da produção de “Bandidos na TV” em 2017 até a fase final em janeiro de 2019, a diretora da REVISTA CENARIUM, Paula Litaiff, foi uma das profissionais de imprensa que colocou em xeque a cobertura jornalística do “Caso Wallace” e a conduta do ex-deputado, morto em 2010 em decorrência de uma parada cardíaca.

“Sabemos que, até hoje, o Caso Wallace é rodeado por muitos mistérios. Há muitas imagens e gravações nunca explicadas e assassinatos não elucidados. O próprio deputado Wallace passou por contradições, mas há com toda certeza na produção da Netflix uma grande reflexão sobre a importância de se fazer jornalismo com responsabilidade”, finalizou.

Concorrentes

Veja as produções que concorrem ao prêmio de melhor documentário em TV paga no 19º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2020:

1) BANDIDOS NA TV – 1ª TEMPORADA (Netflix). Direção Geral: Alex Marengo. Diretores: Daniel Bogado e Suemay Oram. Produtora Brasileira Independente: Viva Filmes e Terra Vermelha.

2) DIÁLOGO SOBRE O CINEMA – 1ª TEMPORADA (Cine Brasil TV). Direção Geral: Carlos Gerbase. Produtora Brasileira Independente: Prana Filmes.

3) #OFUTUROÉFEMININO – 1ª TEMPORADA (GNT). Direção Geral: Luiza de Moraes. Produtora Brasileira Independente: Base 1 Filmes.

4) QUEBRANDO O TABU – 2ª TEMPORADA (GNT). Direção Geral: Guilherme Melles e Katia Lund. Diretor: Pio Figueiroa. Produtora Brasileira Independente: Spray Filmes.

5) 1968 – O DESPERTAR – 1ª TEMPORADA (Canal Curta). Direção Geral: Don Kent. Produtora Brasileira Independente: Grifa Filmes.

Ficha técnica

Segundo o site oficial de Bandidos na TV (https://bandidosnatv.com) de responsabilidade da jornalista Hélida Tavares, quase 50 profissionais de Londres, na Inglaterra, São Paulo, Rio de Janeiro e Manaus trabalharam na produção do documentário, entre eles:

Diretor de série – Daniel Bogado
Diretora / Produtora – Suemay Oram
Produtores Executivos – Dinah Lord, Eamonn Matthews, Alexander Marengo
Diretor de Fotografia – Will Pugh
Compositor – Beto Villares
Montagem – Livia Serpa, Gregor Lyon, David G Hill
Produtor Assistente e Câmera – Fernando Mitjáns
Pesquisa – Rodrigo Santos
Diretora de Produção – Nimira Velji
Coordenadora de Produção – Daniella Rice
Supervisora de Produção para Quicksilver – Natalie Triebwasser
Supervisora de Produção para Caravan – Ulla Streib
Diretora de Finalização – Almudena Garcia-Parrado
Montagem Adicional – Thomas Kelpie, Raphael Pereira, Mark Towns, Alex Carvalho, Franco Bogino
Música Adicional – Érico Theobaldo
Coordenadora de Tradução – Roberta V Canton
Assistentes de Montagem – Manoela Tavares, Blanca Martín Fuentes
Consultor de Arquivo – Paul Gardner
Assistente de Pesquisa de Arquivo – Alastair Moram
Diretor – Gravações 2009 – Alexandre Bouchet
DIT – Raquel Battersby-Araùjo
Gráficos e Efeitos Especiais – Compost Creative

Produção – Manaus (AM)
Produtoras – Wânia Lopes e Hélida Tavares
Produtora Assistente – Ana Sena
Produtora de Locação – Christina Daniels
Gerente de Locação – Carolina Muniz
Operador de Drone – Barney Lankester-Owen
Assistente de Operador de Drone – Pablo Vasconcellos
Fotografia Adicional – Janice D’Ávila
Assistentes de Câmera – Rafael Pessotto, Bruno Pettinelli, Marcos Pereira ‘Casqueta’
Técnicos de Som – Heverson Batista, Elionai Dias
Assistente de Som – William Daurício
Assistentes de Produção – Ana Oliveira, Felipe Wanderley
Seguranças – Israel Rocha, Deocleciano Conceição Silva

Reconstituição dramática – Rio de Janeiro (RJ)
Diretor – Marcelo Galvão
Primeiras Assistentes de Direção – Renata Schiavini, Duda Medeiros
Segunda Assistente de Direção – Marília Gurgel
Terceiras Assistentes de Direção – Nanda Castro, Paula Lima
Diretor de Fotografia – Jacques Cheuiche, ABC
Operador de Câmera – Lucas Loureiro
Diretor de Produção – Peter Miller
Diretor de Produção para Terra Vermelha Filmes – Gideon Boulting

Pós-produção
Serviços de Pós-Produção – Halo Post Production
Produtora de Pós-Produção –  Karen Kavanagh
Supervisora de Pós-Produção – Louisa Sutherland-Smith