Agosto Dourado: mês ressalta a importância do aleitamento materno

O leite materno é considerado o "alimento de ouro" pelos profissionais de saúde (Reprodução/Fotolia)

13 de agosto de 2021

17:08

Priscilla Peixoto – Da Cenarium

MANAUS (AM) – O aleitamento materno é fundamental para a saúde dos bebês. No mês de agosto, a importância desse ato de amor e responsabilidade é reforçada com a campanha “Agosto Dourado”, nome que, inclusive, foi escolhido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) por ser considerado pelos profissionais de saúde como “alimento de ouro” para os bebês.

A neonatologista Eliana Peixoto ressalta que o momento dedicado à amamentação é fundamental para a formação do vínculo entre mãe e filho. “Quando falamos em aleitamento, falamos de contato físico e visual, um elo criado neste momento de dedicação e atenção plena que permanece por toda vida. Por isso que quando uma criança vai para adoção, por exemplo, a mãe nem amamenta o filho, pois geralmente ela não consegue entregar a criança após este contato”, explica a pediatra neonatal.

Do ponto de vista nutricional, o leite materno oferece todos os nutrientes que o bebê precisa pelo menos até os primeiros seis meses. Proteínas, lipídios, cálcio, fósforo, vitaminas. “Para se ter noção, a quantidade de ferro inclusas neste alimento natural já vem específica tanto para bebês prematuros quanto para bebês que nascem no período correto”, conta Eliana.

Imunidade

Além das propriedades vitamínicas, a pediatra lembra da imunidade oferecida pelo “alimento de ouro” aos bebês. No leite estão contidos anticorpos que só a mãe produz. De acordo com a profissional de saúde, no leite é possível encontrar as chamadas imunidade celular e humoral (basicamente mediada diretamente pelos linfócitos e aquelas em que participam anticorpos específicos, respectivamente).

“Leite materno é vacina pronto atendimento. É como se a mãe tivesse passando toda a proteção possível para o bebê. Um alimento indispensável até 1 ano e meio da bebê e só depois dessa fase começamos a introduzir uma nova dieta”, ressalta.

Foi justamente pensado na proteção e no vínculo estabelecido com o filho que a técnica de enfermagem Josilda Silva, de 28 anos, há nove meses se dedica à amamentação do pequeno Benício Luíz. A mamãe de primeira viagem se diz realizada a cada mamada oferecida ao filho.

“Para mim é de extrema necessidade, pois o leite materno é essencial para que o bebê cresça forte e saudável, sem falar que o leite já é completo, cheio de nutrientes, ótimo tanto pro bebê quanto pra mãe pois traz vários benefícios e eu amo amamentar meu filhote. Olhar no fundo do olho daquele serzinho amamentando não tem preço. É um olhar de agradecimento”, conta Josilda.

A amamentação fortalece o vínculo entre mãe e filho (Reprodução/ Internet)

Adaptação

Mas esse ato de amor à vida nem sempre é uma missão tão fácil quanto aparenta. Algumas mulheres passam por um estressante e doloroso período de aprendizado e adaptação ao começar amamentar. Foi o caso de Josilda, que logo nos primeiros dias o ato de amamentar deixou-a com sentimento de frustração, confessou.

“Admito que nos três primeiros meses não foi fácil, pois o leite não descia e tive que tomar fórmulas. Ali bateu o desespero, tristeza, milhões de pensamentos (como assim? será que não vou conseguir amamentar?), mas graças Deus e com muitos estímulos no quarto dia o leite desceu e desceu com tudo”, conta a mãe de primeira viagem com um sorriso no rosto.

“Foi um momento de dor, mas agora ele mama feito um bezerrinho e tenho leite pra dar e vender. Aqui é livre demanda, amo amamentar e sou muito orgulhosa de mim mesma por ter conseguido. Sinto um amor maior do mundo em poder nutrir meu filho e protegê-lo de qualquer doença pra mim não tem preço, é a melhor sensação que já experimentei na minha vida. Dói nos primeiros dias, mas passa e quando passa é incrível”, explica Josi.

Procure ajuda

Além das possíveis dificuldades dos primeiros dias de amamentação, há também aquelas mulheres que, infelizmente, não conseguem amamentar os filhos por inúmeros fatores. Não é difícil encontrar relatos de que uma mãe não amamentou pois o “leite secou antes do tempo”, “não deu leite”, ” o bebê não pegou o peito” e entre outras frase conhecidas por quem já viveu o mundo da maternidade.

A neonatalogista Eliana Peixoto alerta que os casos de mães que não conseguem amamentar os pequenos são, em maioria, ocasionados por algum problema endócrino primariamente causado por um descontrole emocional.

“Tudo aquilo que você tem muita ansiedade de fazer acaba, se afastando de você. E a ansiedade por vezes está ligada à dúvida da capacidade que você tem de resolver determinada questão. Ou seja, quando há dúvidas, você para um tempo e vai pensar ‘será que vou dar conta de fazer isso?’. Então a maioria das mães que não conseguem estão tão presas no fato de que ‘Eu tenho que amamentar’ que o leite acaba secando mesmo. É como se o organismo entendesse que tem uma obrigação e se tem obrigação deixa de ser natural e o leite consequentemente não produzido”, explica a doutora.

Para esses casos, Eliana ressalta que a fase da chamada hipogalactia, fase que se define como a falta ou a baixa produção do leite materno, a mãe precisa relaxar e fazer a translactação (procedimento utilizado para alimentar o recém-nascido e estimular a lactação).

“A medida que mãe for relaxando e até se comunicando com o bebê durante esta fase a produção do leite vai sendo estimulado. É muito raro uma pessoas que tenha galáctia 100% endócrina, a não ser que ela não tenha glândula mamária ou tenha algum problema grave na hipófise e no hipotálamo, do contrário a maioria dos casos é hipogalactia e resolve, basta procurar ajuda”, afirma Eliana.

Dados

De acordo com o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani) do Ministério da Saúde divulgado em agosto de 2020, o Brasil apresentou um índice elevado no quesito aleitamento materno. De acordo com os dados publicados na página Una-SUS, mais da metade (53%) das crianças brasileiras continua sendo amamentada no primeiro ano de vida.

texto informou também que, entre as menores de seis meses, o índice de amamentação exclusiva até então era de 45,7%, seguido de 60% para os menores de quatro meses de vida. Os índices positivos significaram aumento 15 vezes superior de aleitamento materno exclusivo entre as crianças menores de quatro meses e de 8,6 vezes entre crianças menores de 6 meses se comparados ao último dado de 2006 da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS).