Amazônia perdeu área florestal do tamanho do Japão nos últimos 18 anos, diz IBGE

Dados do IBGE mostra, ainda que área desmatada equivale a mais que o dobro da extensão da Grécia (Alex Ribeiro/Ag. Pará)

22 de abril de 2021

15:04

Bruno Pacheco

MANAUS – Os nove Estados que compõem a Amazônia Legal perderam, nos últimos 18 anos, o total de 334.497 mil quilômetros quadrados de floresta. De acordo com levantamento da CENARIUM, Pará, Mato Grosso e Rondônia lideram o índice divulgado em 17 de março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A perda da vegetação nativa, isto é, de áreas florestais e campestres, na Amazônia, pode ser comparada à área total do Japão (377.975 mil quilômetros quadrados), ou ainda, mais que o dobro da Grécia (131.990 mil quilômetros quadrados). A comparação foi feita a partir dos dados do Monitoramento da Cobertura e Uso da Terra do órgão, que abrangeu os anos de 2000 a 2018.

“As florestas nativas são aquelas que nunca sofreram com as ações do homem. As áreas florestais primária, nativa, assoladas com as ações do homem há 20 anos, ainda se recuperam e são consideradas florestas secundárias. Para se recuperar, o território florestal com características de nativa, são necessários, pelo menos, 40 anos”, salientou o ambientalista Ricardo Ninuma.

Comparativo

Segundo o IBGE, somente o Pará perdeu 118.302 mil quilômetros quadrados de território, enquanto o Mato Grosso registrou redução de 93.906 mil quilômetros quadrados e Rondônia encolheu 38.532 mil quilômetros quadrados de área florestal e campestre. A lista do instituto segue por todos os demais Estados da região: Tocantins (-28.235 mil quilômetros quadrados), Amazonas (-19.648 mil quilômetros quadrados), Maranhão (-18.399 mil quilômetros quadrados), Acre (8.857 mil quilômetros quadrados), Roraima (-6.963 mil quilômetros quadrados) e Amapá (-1.655 mil quilômetros quadrados).

Pastagem

De acordo com o instituto, a perda da vegetação nativa no Pará se deve, principalmente, à expansão de área de pastagem com manejo, 83,4 mil quilômetros quadrados, cujo incremento foi também o maior no Brasil. Ainda conforme o IBGE, a região apresentava 14% dessas áreas no País, sendo a segunda maior entre os Estados brasileiros.

O monitoramento diz ainda que as mudanças de uso e cobertura da terra no Pará têm características distintas entre os anos 2000 e 2010, cuja conversão de vegetação florestal para pastagem com manejo foi mais frequente. Entre os anos de 2010 a 2018, predominaram os avanços de mosaicos florestais, caracterizados por ocupação mista de área agrícola, pastagem ou silvicultura.

No Amazonas, os dados do IBGE indicam que prevaleceram o avanço de mosaico, ou seja, as plantações, agricultura e reservas naturais de ocupações em áreas florestais sobre áreas de vegetação florestal nos anos da pesquisa.

Análise

Segundo o IBGE, no período entre 2000 e 2018, a área de vegetação florestal teve redução de 19.682 mil quilômetros quadrados, e as áreas de mosaicos florestais e de pastagem com manejo tiveram crescimento, respectivamente, de 13.956 mil quilômetros quadrados e de 5.815 mil quilômetros quadrados. Em 2000, a área de cobertura vegetal era de 1,45 milhão de quilômetros quadrados, e em 2018 essa área foi de 1,43 milhão de quilômetros quadrados. O Amazonas foi o quarto Estado brasileiro que mais perdeu áreas de vegetação florestal.

A pesquisa do instituto tem por objetivo espacializar e contabilizar a cobertura e o uso da terra do território brasileiro, ao longo dos anos. De acordo com o IBGE, a partir dessa análise podem ser feitas comparações entre os anos analisados, e a contabilidade das mudanças nas formas de ocupação do País, permitindo uma ferramenta importante para gestores estaduais e instituições de pesquisa com atuação regional.

Dados

Em dezembro de 2020, foram apreendidos 130 mil metros cúbicos de madeira ilegal, em operação da Polícia Federal na Amazônia. As 43.700 toras de madeira foram apreendidas no Pará, ao longo dos rios Mamuru e Arapiuns, na fronteira com o Amazonas pelo município de Parintins.

(Guilherme Reis/Revista Cenarium)