Ameaça à democracia e à liberdade aterrorizam imprensa brasileira

Fotógrafo do Estadão, Dida Sampaio é escoltado da manifestação que cobria após ser agredido (Reprodução/Internet)

11 de setembro de 2021

07:09

Suzy Figueiredo – Da Cenarium

MANAUS – As manifestações pró-Bolsonaro que aconteceram no País neste último feriado, dia 7 de setembro, Dia da Independência, representam uma afronta para os profissionais da imprensa. Pelo menos três Estados e o Distrito Federal foram cenários para ataques com hostilização e agressões físicas contra jornalistas que estavam exercendo seu trabalho.  

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) tomou conhecimento que em Brasília foram registrados dez ataques, abrangendo repórteres fotográficos e repórteres cinematográficos, que trabalhavam na cobertura da manifestação bolsonarista na Esplanada dos Ministérios.

Em São Paulo, capital e interior, jornalistas de vários veículos também passaram por momentos de hostilização. No Paraná, um repórter foi intimidado e ofendido durante transmissão ao vivo. Em Manaus, uma equipe da Band Amazonas passou por situação de aflição. Além de insultos, uma lata de cerveja foi arremessada na direção dos profissionais.

Casos

A Federação e os Sindicatos dos Jornalistas filiados repudiam qualquer ato agressivo aos profissionais da imprensa. “A Fenaj apela para que nenhum caso de violência contra jornalistas seja naturalizado, portanto, todo profissional que tiver sido agredido deve registrar boletim de ocorrência e informar o sindicato da sua região”, assegura a presidenta da entidade, Maria José Braga.

No Brasil, a liberdade de expressão é um direito garantido pelo artigo quinto, da Constituição Federal, e mundialmente assegurado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU. No entanto, os profissionais da área da comunicação ainda enfrentam grandes percalços no exercício da profissão, chegando a ser contraditório para um País que ostenta uma teoria pragmática de um governo democrático.

Imprensa livre

A garantia de uma imprensa livre é necessária para a existência democrática dos meios de comunicação de massa. “Um dos pilares das sociedades contemporâneas e democráticas é a existência de uma imprensa livre. No Brasil, a história da imprensa se faz presente em grandes momentos, como no processo da redemocratização do País, com o fim da Ditadura Militar (1964/1985)”, contextualizou o presidente do Sindicato dos Jornalistas no Amazonas (SJP/AM), Wilson Reis.

Os profissionais da imprensa estão comprometidos em prestar informações para a sociedade, inclusive as negativas que recaem sobre os próprios profissionais. “O compromisso do jornalismo é também o de registrar os fatos diários e informar a sociedade, que encontra dificuldades no acesso às informações, inclusive, às ameaças que sofrem os jornalistas no Brasil e no Mundo, com agressões e mortes no exercício da profissão”, declarou Reis.

Tortura Afegã

O jornalista Taqi Daryabi, 22, e o fotógrafo Nematullah Naqdi, 28 anos, do diário Etilaat Roz (Informação Diária), acabaram presos e torturados pelo Talibã quando estavam fazendo a cobertura de uma manifestação de mulheres que reivindicavam o direito ao trabalho e a educação, nessa terça-feira, 7, em frente a uma esquadra de polícia, em Cabul, no Afeganistão.

As marcas de violência, hematomas espalhados pelos corpos e arranhões nos rostos dos jornalistas, comprovam as agressões durante as horas de detenção. São chocantes as imagens publicadas nas redes sociais por Zaki Daryabi, fundador e editor-chefe do jornal Etilaat Roz, onde os repórteres trabalham.

Bastões, cabos elétricos e chicotes foram os objetos usados para praticar a tortura que começou com insultos até chegar as agressões físicas com pontapés, correndo o risco de serem decapitados.