20 de maio de 2022

21:05

Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS – Antes da visita do empresário Elon Musk ao Brasil, nesta sexta-feira, 20, para discutir projetos de conectividade para a Amazônia, junto ao presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), já havia feito um convite ao dono da empresa de transporte espacial, SpaceX, para uma visita de negócios ao Estado. O convite foi feito em uma postagem no Twitter do próprio governador há pelo menos 20 dias.

Na publicação, Wilson Lima, aborda a questão da Zona Franca de Manaus (ZFM), afirmando não abrir mão dos empregos gerados pelo formato econômico que, no mesmo mês da postagem, foi alvo de sucessivos ataques do governo federal com medidas que visavam a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e a retirada de alíquotas ao Polo de Concentrados, afetando diretamente as vantagens comparativas das empresas instaladas na Zona Franca.

“(…) Seguimos para atrair novos investimentos. @elonmusk demonstrou interesse em trazer a SpaceX pra cá e vamos consolidar esse negócio. Venham conhecer a Amazônia. A Amazônia está chamando vocês”, escreveu o governador do Estado no Twitter.

Conhecer para investir

Não é a primeira vez que o governador do Estado toma atitude e chama grandes nomes do ramo empresarial para investir na região amazônica. Em março, durante a abertura da Reunião Anual do GCF Task Force, em Manaus, Wilson Lima, fez uma declaração voltada ao empresário e dono da empresa Amazon, Jeff Bezzos.

À ocasião, o governador convida Bezzos (considerado um dos homens mais ricos do mundo) para se juntar às iniciativas de preservação da Floresta Amazônica com investimentos na região. O pedido, inclusive, faz parte da campanha do governo, intitulada “Real Amazon“, objetivando fazer com que o mundo conheça a Amazônia, indo além da vasta biodiversidade.

“Se a sua empresa parasse, Jeff, muita coisa ia atrasar. E se eu parasse, o clima ia esquentar. Se a sua empresa é a mais valiosa de todas, o meu valor é incalculável. E já que você usa o meu nome eu nunca ganhei nada com isso, vem aqui me conhecer de perto, Jeff”, dizia um trecho do vídeo publicitário.

De acordo com o chefe de Estado, empresários como Bezzos, cometem um equívoco em relação ao olhar quase que estereotipado em relação a Amazônia. “Todo e qualquer esforço de apoio a essa causa deve ser comemorado (…) O mundo olha para a floresta hoje e não vê que, em meio às árvores, existem pessoas reais vivendo aqui. É como se apenas aqui no Brasil 38 milhões de cidadãos simplesmente não existissem. Aos olhos do mundo, hoje, somos 38 milhões de pessoas invisíveis”, declarou o governador.

Visita ao Brasil

Na tarde desta sexta-feira, 20, um evento realizado pelo Ministério das Comunicações, em São Paulo, contou com a presença do empresário Elon Musk, dono da SpaceX e da Tesla, e do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), para debaterem projetos de conectividade para a Amazônia, porém, a ausência de lideranças indígenas ou representantes de comunidades tradicionais da Região Amazônica chamou a atenção.

Cercado por “Pariwat”, forma como indígenas Munduruku do Pará denominam “os que não pertencem a esse lugar”, Elon respondeu perguntas da plateia, composta por estudantes e empresários, sobre investimentos e a utilização da tecnologia da SpaceX para monitorar a Amazônia.

No Brasil, o trabalho, atualmente, é feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao governo federal. O instituto, que monitora o desmatamento e emite alertas em tempo real da devastação dos biomas utilizando satélites, já foi alvo de críticas por parte de Bolsonaro.

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