03 de janeiro de 2021
16:01
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium
MANAUS – Policiais militares instalaram gradis de proteção no Centro de Manaus, na manhã deste domingo, 3, para barrar o acesso de lojistas e consumidores ao maior ponto comercial da capital amazonense, o “bate-palma”. O ato ocorreu um dia após a decisão da Justiça do Amazonas que determinou suspender atividades não essenciais no Estado para conter aglomerações e disseminação da Covid-19.
Uma das vias que tiveram barreiras instaladas foi a Rua Guilherme Moreira. Em um vídeo que circula nas redes sociais neste domingo, é possível ver os PMs se deslocando para a região, com um comboio da corporação e um caminhão, que transportava as telas de proteção. A informação foi confirmada pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM).
Assista ao vídeo:
Desde sábado, 2, o Centro de Manaus apresentava baixa movimentação, com a maioria dos quiosques de camelôs fechados, uma cena incomum quando se fala da região. Conforme registrado pela REVISTA CENARIUM, apenas uma pequena quantidade de pessoas trafegava pelas ruas da localidade.
O lojista Luan Assis, de 28 anos, contou sobre a dificuldade que os vendedores e comerciantes vêm passando em meio à pandemia. Com as festas de fim de ano, como o Natal e o Ano Novo, o comércio varejista em geral costuma estocar produtos para venda e, assim, obter maior lucro.
“Estamos atendendo só por meio do delivery e assim fica difícil. Com o cliente, é preciso ter esse atendimento mais direto, mais caloroso. Só com drive-thru não dá. Com esses decretos, a venda caiu em mais de 50% em nossa loja”, contou.
Decisão
Nesse sábado, 2, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) determinou que o governador Wilson Lima (PSC) emita novo decreto para restringir o funcionamento de serviços não essenciais do comércio na capital e no interior por, pelo menos, 15 dias.
A medida visa conter o avanço de pacientes infectados pelo novo Coronavírus no Estado e passou a valer no mesmo dia da decisão, que ocorreu em atendimento ao pedido do Ministério Público do Amazonas (MP-AM).
No pedido à Justiça, o órgão ministerial argumenta que as aglomerações no comércio e em reuniões geradas com as festas de fim de ano causaram superlotação nos hospitais da rede pública e privada.
Hospitais lotados
Na última semana, três unidades hospitalares da rede particular de Manaus emitiram um comunicado informando que atingiram a capacidade máxima de operação, com 100% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ocupados por pacientes com Covid-19.
Neste domingo, 3, o médico intensivista Mauro Lippi, coordenador do Hospital Check-Up, também na Zona Centro-Sul da capital, compartilhou um vídeo, por meio de suas redes sociais, desabafando sobre o que tem passado em meio à segunda onda da pandemia no Amazonas.
“Estamos lotados de novo. Os prontos-socorros de toda a cidade estão lotados. Não tem mais leito para internar ninguém. Não estamos mais conseguindo transferir os pacientes e a situação está muito preocupante. A preocupação maior é que pacientes comecem a chegar e não ter onde ter colocá-los ou não ter a assistência adequada”, desabafou.
No vídeo, o médico chama a atenção para o crescimento de internações em virtude das confraternizações realizadas em dezembro de 2020, segundo ele, responsável pelo aumento de casos da Covid-19. “Isso é fruto das confraternizações que aconteceram agora em dezembro, dos shoppings lotados, da falta de distanciamento social que tem acontecido e a gente precisa que todo mundo recue para que essa coisa (Covid-19) não dure por muito tempo, porque o sistema não aguenta. Nós todos temos familiares que podem ainda se infectar e a gente quer que todo mundo tenha assistência”, salientou.
Confira o vídeo na íntegra: