Após Zema dizer que no ‘Sul e Sudeste há pessoas que trabalham mais’, políticos do AM rebatem narrativa

Da esquerda para direita: deputado federal Amom Mandel, governador de Minas Gerais Romeu Zema, e o ex-deputado Serafim Corrêa (Montagem: Mateus Moura/Revista Cenarium)

05 de junho de 2023

19:06

Ívina Garcia – Da Agência Cenarium

MANAUS – O deputado federal Amom Mandel (Cidadania) usou as redes sociais neste fim de semana para rebater o discurso do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), por insinuar que apenas as pessoas que moram nas regiões Sul e Sudeste trabalham. A fala de Zema aconteceu durante o evento Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), que reuniu os sete governadores do eixo, no último dia 2 de junho.

Quando se fala em Sul e Sudeste, nós temos aqui uma semelhança enorme. Se tem Estados que podem contribuir para esse País dar certo, eu diria que são esses sete Estados. São Estados onde, diferente da grande maioria, há uma proporção muito maior de pessoas que trabalham do que vivendo de auxílio emergencial“, disse o governador de Minas Gerais na reunião.

O discurso foi recebido com repúdio pelo parlamentar amazonense, que nas redes sociais escreveu que Zema parecia estar colocando que o Sul e Sudeste eram superiores ao Norte e Nordeste, alegando que o argumento usado era “tão raso quanto uma poça d’água“.

O fato de termos mais problemas sociais não nos torna ‘inferiores’; só constata que somos mais abandonados que o resto do País. Quem usa isso como argumento para rebaixar o Norte e o Nordeste é um idiota“, escreveu Amom, pontuando que os dados da pesquisa estavam certos, mas não deveriam ser utilizados para relativizar questões muito mais complexas.

A pesquisa utilizada por Zema como base na afirmação considerada preconceituosa foi divulgada pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e o Ministério de Desenvolvimento Social, que apontaram por Estado quantas pessoas estavam empregadas em regime de CLT e quantas recebiam auxílio. Os dados não consideraram o número de pessoas trabalhando na informalidade ou microempreendedores individuais (MEI).

Conforme o levantamento, o número de pessoas beneficiadas pelo Bolsa Família é maior que o número de trabalhadores com carteira assinada em 13 das 27 unidades da Federação. Sendo todos eles localizados na região Norte e Nordeste.

Injustiça

Para o ex-deputado estadual Serafim Corrêa (PSB), Zema foi injusto ao fazer a relação dos dados e utilizar para engrandecer apenas uma região. “Nosso povo é trabalhador. Pode até estar na informalidade, mas se virando, como se diz no popular. Preguiçoso e caloteiro é ele. Os números falam sozinhos”, afirma o ex-deputado, mostrando que Minas Gerais e Rio de Janeiro são os Estados que estão entre os que mais tiveram dívidas pagas pela União.

Conforme documento da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), de 2016 a 2023, os Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais aparecem no topo da lista com 31,4 bilhões e 13,5 bilhões de empréstimos pagos pela União, respectivamente. “São eles que carregam os outros? É o contrário. ‘Nós’ é quem carregamos eles”, escreveu.