Prefeito vai aderir a lockdown em Manaus, caso distanciamento social não seja respeitado

“Não vamos criar nas pessoas uma falsa ilusão de que todo mundo que for para a rua estará empregado”, disse o prefeito de Manaus, Arthur Neto. (divulgação)

01 de maio de 2020

09:05

Bruno Pacheco

MANAUS – O prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto (PSDB) afirmou que vai radicalizar e recomendar ao governador Wilson Lima (PSC) que decrete lockdown (quarentena; isolamento total), caso não haja adesão ao distanciamento social na capital por parte da população.

“Se nada mudar, eu vou recomendar ao governador que decrete a quarentena, o chamado lockdown. Fecha tudo. Radicalizar mesmo. Vamos salvar as pessoas mesmo que elas não queiram ser salvas. Lá na frente, elas vão poder avaliar se tomamos as medidas certas ou não. Mas primeiro elas precisam estar vivas”, disse o prefeito, em entrevista publicada nesta sexta-feira, 1º de maio, ao jornal O Globo e confirmado pela CENARIUM.

Segundo Arthur, durante a entrevista, parte da responsabilidade pela não adesão da população ao distanciamento é do presidente Bolsonaro. “Na área da saúde, está horrível. Eu não vi nada, ainda. Estamos aguardando ansiosamente a chegada de aviões Hércules das Forças Armadas com EPIs, respiradores, macacões, insumos que a gente precisa para atender a gente. Está faltando medicamento. Nós estamos racionando remédios”, diz o gestor, ao criticar as ações do Governo Federal para atender a crise no Amazonas.

Desrespeito ao isolamento

Conforme reportagem da REVISTA CENARIUM publicada nessa quinta-feira, o Amazonas tem a maior mortalidade da pandemia no Brasil e o desrespeito ao isolamento contribui. Em dados divulgados pela empresa Inloco, que estuda o distanciamento social por estado, mostra o Amazonas com um índice de isolamento em 51,6% na quinta-feira, número considerado baixo.

Para o prefeito Arthur, ao O Globo, o motivo da população não aderir às recomendações de isolamento é por um fator cultural e, também, pela ‘pregação’ do presidente Jair Bolsonaro contra as medidas.

“Acho que há um fator cultural. Meu secretário de obras anda pelas periferias e ouve as pessoas dizendo que a Covid-19 é doença de rico, que não vai pegar em pobre, no caboclo. Mas elas estão vendo as pessoas morrendo. Outro fator é a pregação do presidente Jair Bolsonaro contra essas medidas. Ele diz que precisamos salvar a economia, mas nunca vi salvar a economia com gente doente. A realidade é que eu fracassei em relação ao distanciamento social. Fracassei assim como o governador e todo mundo que está a favor do distanciamento social. Fracassamos perigosamente. Por isso que vamos, ainda nesta semana, dar início a uma campanha de mídia pesada para tentar convencer as pessoas a aderirem ao isolamento”, afirma Arthur.