Banhistas respeitam decisão e praia da Ponta Negra fica vazia em Manaus

Embora população esteja respeitando a decisão da prefeitura, ambulantes e permissionários se dizem prejudicados com baixo fluxo de pessoas no local (Bruno Pacheco/ Revista Cenarium)

20 de setembro de 2020

17:09

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – Em uma tarde ensolarada neste domingo, 20, na capital amazonense, com temperatura de 35 graus, banhistas não compareceram a um dos principais pontos turísticos de Manaus, a praia da Ponta Negra. O complexo foi interditado na sexta-feira, 18, para evitar aglomerações e a disseminação do novo Coronavírus.

A REVISTA CENARIUM compareceu neste domingo ao local e constatou a praia da Ponta Negra completamente vazia, com fitas zebradas, redes de contenção e cartazes com informativos aos visitantes, comerciantes e ambulantes sobre a medida.

Embora a população esteja respeitando a decisão da prefeitura, que diz se embasar no aumento de internações por Covid-19 em Manaus e o crescimento de notificações e casos confirmados da pandemia, ambulantes e permissionários se dizem prejudicados com o baixo fluxo de pessoas na orla da Ponta Negra.

População está proibida de acessar a praia (Bruno Pacheco/Revista Cenarium)

De acordo com Debiane Souza, de 23 anos, atendente da Conveniência da Ponta Negra, que fica ao lado do Anfiteatro, a baixa circulação de pessoas no ponto turístico diminuiu, consideravelmente, a venda de produtos.

“Estamos tendo pouca movimentação, quase nenhuma. Um fim de semana totalmente atípico para nós, pois hoje (domingo), este horário (às 15h), já estávamos renovando os estoques de produtos, pois os banhistas, turistas e demais pessoas costumam comprar bastante”, disse Debiane à REVISTA CENARIUM.

Fitas zebradas impedem o acesso de banhistas (Bruno Pacheco/Revista Cenarium)

Para a jovem, a preocupação maior está voltada para os próximos dias, de segunda a sexta-feira, quando o fluxo de gente é ainda menor. “Estamos preocupados, pois, existem pais e mães de famílias aqui, que precisam trabalhar para se sustentar”, pontuou.

Francisco Almeida, de 65 anos, ambulante e dono de uma barraca onde vende água, refrigerantes, cerveja e salgados, disse à reportagem que a situação na praia é triste. Desolado, destacou que pouco vendeu neste domingo. “Com este decreto, fechou tudo. Está uma situação triste, não estamos vendendo nada”, desabafou.

Isolados

Na última semana, a REVISTA CENARIUM publicou reportagem na qual o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontava uma drástica redução no número de pessoas que estavam rigorosamente isoladas.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Covid-19), caiu em 2,8 milhões o número de isolados da segunda para a terceira semana de agosto, passando de 44,4 milhões para 41,6 milhões. Desde meados de março, medidas de isolamento social foram recomendadas pelos governos estaduais e municipais para conter a propagação do novo Coronavírus (Covid-19).

Flagrante da REVISTA CENARIUM mostrou praia da Ponta Negra lotada de banhistas, após flexibilização e reabertura de comércios e pontos turísticos em julho deste ano (Ricardo Oliveira/ Revista Cenarium)

A pesquisa do IBGE também estimou em 4,5 milhões a população que não fez qualquer tipo de restrição na semana de 16 a 22 de agosto. O percentual representa estabilidade em relação à semana anterior.

De acordo com o instituto, no mesmo período, aumentou em 1,9 milhão o número de pessoas que reduziram o contato, mas continuaram saindo ou recebendo visitas. 

Decreto

O novo decreto do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, anunciado na manhã de sexta-feira, 18, sobre as estratégias de combate à Covid-19 e que voltou a fechar a praia da Ponta Negra a partir deste fim de semana, surge após denúncias de aglomerações de banhistas.

Para a prefeitura, o aumento de casos do novo Coronavírus é um “risco iminente de uma segunda onda da pandemia, motivo pelo qual a medida foi tomada”, disse Arthur.