Bolsonaro abre ‘saco de bondades’ eleitoreiras enquanto Moro corteja evangélicos

Sergio Moro e Jair Bolsonaro (Reprodução/Internet)

06 de fevereiro de 2022

13:02

Gastança

Com as pesquisas de opinião apontando resultados nada satisfatórios, dois dos candidatos à corrida presidencial de 2022 aceleram para reverter o atual quadro. O presidente Jair Bolsonaro, a despeito dos problemas fiscais nas contas do governo, libera a gastança para melhorar sua popularidade. No “saco de bondades” de Bolsonaro, além do seu “petrolão” de R$ 16,5 bilhões de orçamento secreto para comprar apoios no Congresso, há medidas em que o presidente acena não só para a sua habitual plateia, como para categorias que desprezou até aqui.

”Cortesia com chapéu alheio”

Bolsonaro concedeu aumento de 33,24% aos professores da rede pública, retroativo a janeiro de 2021. Com isso, acenou a 1,7 milhão de professores do ensino básico, público mais inclinado à Lula e partidos de esquerda. Porém, Bolsonaro manda a conta para governadores e prefeitos pagarem, os responsáveis pela rede de ensino fundamental. E vai sair caro aos Municípios – mais de R$ 30 bilhões, e cerca de R$ 20 bilhões aos Estados, ambos com suas contas já combalidas. No jargão popular, Bolsonaro “faz cortesia com chapéu alheio.”

“Bônus”

No alto da pirâmide do funcionalismo, os auditores da Receita Federal, depois da pressão no governo, conseguiram regulamentar um bônus de eficiência. À Polícia Federal, Bolsonaro acena com uma Medida Provisória que reestrutura carreiras da PF. Completam o “saco de bondades” eleitoreiras um reajuste de benefícios dos servidores, entre outros “auxílios” e linhas de financiamentos para caminhoneiros e policiais, em estudos pelo Ministério da Economia. Não se discute a importância destas categorias, mas o risco da gastança, cuja conta chega, em geral, para os mais pobres pagarem.

Moro avança

Sergio Moro segue avançando sobre o eleitorado de Jair Bolsonaro. Nesta segunda-feira, 7, lança, em Fortaleza, uma chamada “carta de princípios” aos eleitores evangélicos. O documento está sendo elaborado por um núcleo religioso de sua campanha, liderado pelo advogado Uziel Santana, que presidia a Associação Nacional de Juristas Evangélicos. A carta vai abordar temas morais polêmicos, como aborto, família tradicional e drogas, e é uma ofensiva sobre o eleitorado conservador, que em 2018 optou por Jair Bolsonaro.

Desiludidos

A movimentação ocorre no momento em que o presidente enfrenta a rebeldia de um dos partidos de sustentação do governo, o Republicanos, ligado à Igreja Universal do Reino de Deus. A bancada evangélica está dividida entre Bolsonaro, Moro e Lula. Uziel tem dito que conversa com lideranças evangélicas ligadas aos Republicanos e outras da base social do governo Bolsonaro, muitos deles desiludidos e se sentindo órfãos porque Bolsonaro teria “se aliado ao que há de pior na política: patrimonialismo e fisiologismo”.