Brasil volta ao mapa da miséria, enquanto Forbes lista 11 novos bilionários no País

Um contraste no meio da maior cidade do País (Tuca Vieira)

08 de abril de 2021

08:04

Gabriel Abreu

MANAUSPela primeira vez em 17 anos, o Brasil tem mais da metade da população que não teve comida suficiente em casa no dia seguinte. São 116,8 milhões de pessoas nessa situação de insegurança alimentar no País, segundo pesquisa divulgada na segunda-feira, 5, pela Rede Brasileira de Pesquisa Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), que reúne pesquisadores e professores ligados à segurança alimentar. Em contraste com esses números, o Brasil teve mais 11 novos bilionários incluídos no ranking global dos bilionários em 2021 divulgado pela revista americana Forbes em plena pandemia do novo coronavírus.

Diferente do que ocorreu com os novos bilionários, a pandemia deixou 19 milhões com fome em 2020, atingindo 9% da população brasileira, a maior taxa desde 2004, há 17 anos, quando essa parcela tinha alcançado 9,5%.  É quase o dobro do que havia em 2018, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou 10,3 milhões de brasileiros nessa situação.

Já os que aparecem no ranking dos bilionários estão David Vélez (cofundador do Nubank, que é colombiano, mas mora no Brasil), Guilherme Benchimol (fundador da XP) e Ilson Mateus (Grupo Mateus).

Análise

O sociólogo Marcelo Seráfico faz uma análise que explica como numa mesma sociedade, num mesmo momento, convive um grupo de 65 indivíduos que acumula cerca de 220 bilhões de dólares e outro de indivíduos que não dispõem de recursos suficientes para saciar sequer suas necessidades de alimentação.

“Talvez possa responder a essa pergunta retomando o argumento de Keynes acerca das motivações estimulantes do que ele cunhou como sendo o “espírito animal do empresário”. Esse “espírito”, esse modo de compreender a realidade e de agir se pauta pelo compromisso com a busca de lucratividade. Isto é, toda situação social deve ser tratada como uma possibilidade, como uma oportunidade de ampliar a lucratividade das empresas. Portanto, em sociedades capitalistas, não há contradição nenhuma no fato de que aumente o número de bilionários ao mesmo tempo em que o desemprego, a precarização das condições de trabalho, de moradia, enfim, de vida leve outros à fome”, explicou Marcelo.

Para o sociólogo Helso Ribeiro, a desigualdade social no Brasil vem desde o tempo do Império e desde esse período um vasto grupo da população sofre por conta do acesso.

“Uma gama de pessoas perdendo emprego, mas as grandes estruturas econômicas não saem perdendo. E aí é só o reforço de todo esse histórico que faz de nós do Brasil um País miserável”, esclareceu Helso.

Taxa de Desemprego

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação (14,2%) do trimestre móvel de novembro de 2020 a janeiro de 2021 ficou estável frente ao trimestre de agosto a outubro de 2020 (14,3%) e teve alta de 3,0 pontos percentuais em relação ao mesmo trimestre móvel de 2020 (11,2%).

Ranking dos novos bilionários

  • Família Safra (Jacob Safra, 45; David Safra, 36; Esther Safra, 43; Alberto Safra, 41), com US$ 7,1 bilhões;
  • David Vélez, do Nubank, com  US$ 5,2 bilhões;
  • Guilherme Benchimol, da XP, com US$ 2,6 bilhões;
  • André Street, da StoneCo, com US$ 2,5 bilhões;
  • Eduardo de Pontes, da StoneCo, com US$ 2,4 bilhões;
  • Fabrício Garcia, do Magazine Luiza, com US$ 2,1 bilhões;
  • Flávia Bittar Garcia Faleiro, do Magazine Luiza, com US$ 2,1 bilhões;
  • Fernando Trajano, do Magazine Luiza, com US$ 1,5 bilhão;
  • Ilson Mateus, do Grupo Mateus, com US$ 1,4 bilhão;
  • Anne Werninghaus, da Weg, com US$ 1,1 bilhão;
  • Maria Pinheiro, do Grupo Mateus, com  US$ 1 bilhão.