13 de abril de 2022

13:04

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – Uma tradição cristã que mostra a devoção de católicos durante a Semana Santa, comer peixe no lugar da carne vermelha aumenta a procura e a venda do pescado em até 50% no Porto da Manaus Moderna, no Centro da capital, segundo afirmam pescadores. Consumir o alimento nesse período está ligado ao jejum e a abstinência praticados pelos religiosos no tempo de Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa, festividade que celebra a ressurreição de Jesus Cristo.

Chimbinha Cardoso, de 56 anos, é pescador e vendedor de peixe há 42 anos em Manaus. Nesta quarta-feira, 13, ele contou à REVISTA CENARIUM que espera todos os anos pela Quaresma para comercializar peixe na Semana Santa. Em 2022, após duas semanas de pescaria intensa, Chimbinha trouxe para vender 50 Tambaquis de rio, dois mil Jaraquis, mil Matrinchãs, além de Pacu, Curimatá e Sulamba.

“Leva uma fase de duas semanas para pescar isso. E com essa crise todinha, está saindo bem. Na Semana Santa, costumo vender mais. Hoje vendo 50 Tambaquis e amanhã, quando a procura realmente aumenta, vendo 100. Ou seja, mais ou menos 50% a mais de venda”, contou o Chimbinha Cardoso.

Para o autônomo Gustavo Felipe, de 27 anos, e a mulher, a enfermeira Jéssica Fernandes, de 29 anos, consumir peixe na Semana Santa é uma tradição que não pode faltar na família deles. O casal é católico e lembra que deixar de comer carne vermelha neste período da Quaresma é um sinal de respeito ao “derramamento de sangue de Jesus”.

“A minha família é católica e esse ensinamento foi passado de geração em geração. Comer peixe na Semana Santa é um sinal de respeito ao derramamento de sangue de Jesus Cristo. O peixe representa a vida e nós costumamos nos abster da carne, principalmente, na Sexta-Feira Santa. Algo que não pode faltar na nossa família”, destacou o autônomo.

Tambaqui

Um tambaqui de 8kg na Manaus Moderna sai, em média, pelo preço de R$ 50 a R$ 60. Consumidores e comerciantes da capital amazonense costumam comprar na região por conta do valor que sai mais em conta. No caso da revenda, o peixe é vendido por quantias maiores no comércio.

Marcus Antônio, que trabalha com pescado há 20 anos, compra peixes dos chamados “barcos de recreio” para vender nas canoas do porto da cidade. Segundo o vendedor, na Semana Santa, os preços começam a se elevar em consequência da alta demanda de consumidores.

“Trabalho com compra e revenda há 20 anos. Aqui, o peixe sai mais barato porque nós compramos de muito. Na Semana Santa, é quando os peixes saem mais caro porque muita gente vem querendo comprar. A partir da quinta-feira santa, é quando porto começa a lotar e as vendas aumentam”, destacou Marcus Antônio.

Peixe no feirão

A partir desta quarta-feira, 13, a Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS) realiza o Feirão do Pescado especial da Semana Santa. O evento, que acontece até sexta-feira, 15, nas zonas Norte, Sul e Centro-Sul de Manaus, oferta peixes oriundos da piscicultura local.

A iniciativa é realizada no Centro Social Urbano (CSU) do Parque Dez, zona Centro-Sul; no Centro de Convivência da Família Padre Pedro Vignola, no bairro Cidade Nova, zona Norte; e no Centro Cultural Povos da Amazônia (antiga bola da Suframa), no bairro Crespo, zona Sul.

De acordo com a ADS, o feirão funcionará das 6h às 18h nos dias 13 e 14 de abril. Já no feriado da Sexta-feira da Paixão, 15, as feiras funcionarão das 6h ao meio-dia. O consumidor poderá encontrar peixes a partir de R$ 8,90 o quilo.

Os comerciantes estarão vendendo tambaqui fresco do tipo curumim, tambaqui fresco acima de 5kg, matrinxã inteira de 1kg e acima de 1kg, pirarucu fresco do tipo carcaça, filé de pirarucu, pirarucu do tipo ventrecha, pirarucu do tipo misto, pirarucu salgado, pirarucu seco, pirarucu salgado seco do tipo misto e pirarucu salgado fresco lombo.

Em 2021, o Feirão do Pescado especial Semana Santa movimentou cerca de R$ 1 milhão em pescado e produtos nas feiras, segundo a ADS. Mais de 100 produtores e pescadores dos municípios do Amazonas foram beneficiados diretamente. Segundo o órgão, a meta é gerar de receita para os feirantes R$ 1,5 milhão nos três dias de Feirão neste ano.