Caged de janeiro de 2022 mostra queda na economia e mercado de trabalho perde fôlego, aponta economista
10 de março de 2022
20:03
Malu Dacio – Da Revista Cenarium
MANAUS – Um dos maiores parâmetros da conjuntura econômica do Brasil, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontou que o emprego celetista no Brasil – ou seja, quem possui vínculo empregatício na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) – apresentou crescimento em janeiro de 2022.
Mas os dados mostram que o mercado de trabalho perde fôlego e responde à performance da economia negativamente, indicando que em 2022 a economia não vai conseguir gerar postos de trabalho o suficiente.
O balanço registrou saldo de 155.178 mil postos de trabalho. Esse resultado decorreu de 1.777.646 milhão de admissões e de 1.622.468 milhão de desligamentos.
O Caged é o relatório mensal que informa sobre a contratação e demissão de funcionários no mês. O documento contém as informações dos funcionários. Essas informações são as contratuais, como a carga horária, cargo e salário.
À REVISTA CENARIUM Inaldo Seixas, coordenador da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (Abed-AM) e conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon), explica que esse resultado de janeiro indica que a economia está indo a um desaquecimento.
“Porque você pode ver que o saldo é menor do que o fechado em dezembro. Eu creio que ele cai para 1,2 milhão, o saldo em janeiro do acumulado dos 12 meses. Então, ele já vem assim, um esfriamento do mercado de trabalho, nas contratações”, disse.
E, no caso do Amazonas, é para o especialista, muito pequeno. “A criação de emprego nos doze últimos meses é um saldo de 35 mil trabalhadores. O Caged está mostrando uma performance muito pequena. Se você ver, só em janeiro há uma situação, praticamente, de estabilidade de admissões e admissões quase iguais”, afirma.
Ele explica que os números indicam que em 2022 pode acontecer pouco crescimento ou até a possibilidade de entrar em recessão, com inflação elevada, o que seria estar na situação de estagflação.
Para o economista, se comparado ao mês de dezembro, em janeiro há um saldo positivo, mas não compensou se comparado à eficiência de empregos formais.
“Ora, fazendo análise disso, dentro da perspectiva da economia, ela cresceu bastante, mas não conseguiu gerar empregos formais o suficiente. Talvez a economia tenha crescido bastante, mas à custa de contar muito com trabalhadores informais, trabalhadores não formalizados, trabalhadores com trabalho precário e trabalhadores que tiveram que ir trabalhar por conta própria”, explica.
Divulgado pelo Ministério do Trabalho, os dados registraram saldo positivo, no nível de emprego, em 4 dos 5 Grandes Grupamentos de Atividades Econômicas. São eles: Serviços com +102.026 postos, distribuído, principalmente, nas atividades de Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (+58.773 postos); Indústria geral com +51.419 postos, concentrado na Indústria de Transformação (+48.802 postos), Construção (+36.809 postos), Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (+25.014 postos); e Comércio (-60.088 postos).
Nas regiões
O número vem após o saldo negativo, em dezembro de 2021, quando atingiu -281.792. A Região Norte teve 80.217 admissões, 77.782 desligamentos e 2.435 novos empregos; 19 das 27 UF’s registraram saldo positivo. Da Região Norte, apenas o Pará teve saldo negativo de -796 com -0,10% de variação relativa.
No Amazonas, 17.858 admissões, 17.233 desligamentos com saldo de 625. O balanço aponta que Sudeste e Sul tiveram mais empregos quando o Nordeste sofreu com o desemprego. Entre os Estados que mais geraram vagas, o destaque é para São Paulo, com 48.355 novos postos. Santa Catarina, com 23.358 e Paraná, com 18.351.
Os Estados que apresentaram maior saldo negativo de vagas foram: Sergipe com -1.253 postos; Ceará com -1.508 postos e Rio Grande do Norte com -2.430 postos.
Para o conjunto do território nacional, o salário médio de admissão, em janeiro de 2022, foi de R$ 1.920,59. Comparado ao mês anterior, houve aumento real de R$ 115,24 no salário médio de admissão, uma variação em torno de 6,38%.
Sobre
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) foi criado pela Lei nº 4.923, de 23 de dezembro de 1965, como instrumento de acompanhamento e de fiscalização do processo de admissão e de dispensa de trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Seu objetivo inicial era assistir os trabalhadores desempregados e apoiar medidas contra o desemprego.