Campanha de Bolsonaro: recorrer à fake news sobre facada dá medida do desespero

Antes de se tornar presidente, Bolsonaro foi vítima de agressão durante campanha. (Divulgação)

15 de fevereiro de 2022

13:02

Via Brasília – Da Revista Cenarium

No vale-tudo das eleições, só não vale não se reeleger. Com base na máxima da política, adaptada ao bolsonarismo, o comando da campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro pôs o “gabinete do ódio” — estrutura, no Planalto, destinada a promover fake news e atacar adversários – a recorrer, mais uma vez, do episódio da facada, ocorrido em setembro de 2018. Por meio de um obscuro portal, tentam ‘plantar’ uma inexistente declaração do autor do crime, Adélio Bispo, de que o mandante seria um partido da oposição. A Polícia Federal já concluiu o inquérito, diz que não houve tal depoimento, e que Adélio agiu sozinho.

Fala para plateia

Ao voltar com o episódio da facada, além de animar sua plateia de radicais, loucos por uma teoria da conspiração, Bolsonaro mostra que sentiu o golpe, em outras palavras, o peso das pesquisas eleitorais que apontam uma rejeição que beira os 60% do eleitorado. A sete meses das eleições, o nível já começa a baixar. E, ao que parece, só contaremos mesmo com a Justiça, TSE e STF, para barrar a desinformação, já que as plataformas são lentas para barrar abusos e lucram com as fake news. Prestes a deixar a presidência do TSE, o ministro Luis Roberto Barroso, em entrevista a O Globo, disse que Bolsonaro “beneficia os criminosos da milícia digital”.

Barroso abre o verbo

Segundo o ministro, “o Brasil não é casa da sogra para ter aplicativos que façam apologia ao nazismo, ao terrorismo, que vendam armas ou que sejam sede de ataques à democracia, que a nossa geração lutou tanto para construir”. Para ele, liberdade de expressão não é liberdade para vender arma, propagar terrorismo e apologia ao nazismo. “Não é um espaço para que marginais ataquem a democracia”, diz Barroso para quem administra as plataformas que estão no País e que devem se submeter à leis brasileiras, como ocorre em outras partes do mundo.

Dia do Fogo

No aniversário de dois anos do chamado ‘Dia do Fogo’, quando fazendeiros e empresários fizeram um ‘mutirão’ para queimar a Floresta Amazônica, no Pará, ninguém foi punido ou preso. Num dos locais devastados pelo fogo, o Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Terra Nossa, foram observados lotes de plantações de soja, revela excelente matéria do portal Repórter Brasil. A agenda da ‘boiada de Bolsonaro’ segue passando, contrariado a finalidade dessa modalidade de projeto, que deve ter interesse social e ecológico, destinado à subsistência das famílias assentadas.

Ouro ilegal

Falando em Pará, o ouro extraído, ilegalmente, nos garimpos da Terra Indígena Kayapó, produz lucros bilionários ao grupo italiano Chimet SPA, especializado em refinar o minério para a confecção de joias e de barras de ouro, guardadas em bancos europeus e americanos. Trata-se de uma das empresas que mais faturam na Itália. Na gestão Bolsonaro, teve a maior receita da sua história: mais de R$ 18 bilhões, um aumento médio de 76%. Com a garimpagem ‘liberada’, por meio de portaria governamental, lucrarão ainda mais, enquanto a população local se envenena com mercúrio e vê seus rios morrerem.