Campanha de Bolsonaro sente o golpe e teme repercussão de morte de sindicalista petista

Segundo uma fonte próxima ao Planalto, o comando sentiu o golpe do assassinato do militante do PT, Marcelo Arruda (Thiago Alencar/CENARIUM)

12 de julho de 2022

20:07

Acendeu a luz vermelha no QG da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo uma fonte próxima ao Planalto, o comando sentiu o golpe do assassinato do militante do PT, Marcelo Arruda, ocorrida na noite de sábado, 9, pelo agente penal José Jorge da Rocha Guaranho, apoiador do presidente. Esse interlocutor reconheceu que, embora Bolsonaro tenha repudiado o ato, lembrado que ele foi vítima de uma facada, em 2018, a tragédia de Foz do Iguaçu pregou nos bolsonaristas a pecha de violentos. De acordo com este interlocutor, isso atinge em cheio o presidente Bolsonaro e atrapalha muito o trabalho que estava sendo feito de convencimento dos indecisos.

Dificuldade para defender

Aliados e influencers bolsonaristas tiveram dificuldades em defender o nome do presidente, embora rebatam qualquer ligação de Bolsonaro com esse tipo de ato. A orientação é lamentar a tragédia, mas não abraçar a culpa por ela. A equipe está sendo orientada também a jogar e acusar a esquerda de violenta, lembrando não só a facada dada pelo militante do PSOL, em 2018, e pelos discursos de Lula, que no sábado agradeceu a “Maninho do PT”, autor do atentado contra um empresário quando Lula estava em Curitiba. Mesmo assim, Bolsonaro também não ajuda quando não passa a menor firmeza em suas falas que condenam o ato, sem o necessário tom de indignação.

Climão com Tarcísio

O clima pesado entre o presidente e seu pré-candidato Tarcísio de Freitas foi notado em duas agendas recentes. Tanto numa cerimônia militar, em Pirassununga, e, no sábado, na Marcha para Jesus, em São Paulo, Bolsonaro sequer citou o nome de Tarcísio, embora estivessem lado a lado. Um observador das cenas apontou que o presidente avisou a Tarcísio que não citaria seu nome para não misturar ato religioso com política. Em Uberlândia, em outra Marcha para Jesus, Bolsonaro, ao lado do seu candidato a senador Carlos Viana, também não citou o nome dele. A ideia é de que a presença deles ao lado do presidente já diz tudo.

Supersalários e viagra dos militares

Relatório da CGU revela indícios de irregularidades na situação de mais de 2,3 mil militares que trabalham para o governo federal. O mais comum, com 930 registros, é de funcionários das Forças Armadas que foram requisitados para função federal civil sob prerrogativa legal, mas que já estouraram o tempo de dois anos permitido para exercer o trabalho fora da vida militar. Outra irregularidade mais recorrente no levantamento é de 729 militares sem o desconto dos valores de remuneração, subsídio e/ou pensão recebidos acima do teto definido pela Constituição. Sem contar o viagra superfaturado e próteses penianas para “elevar” o moral da tropa.

Compensação ICMS

O presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), deve convocar mais uma sessão conjunta para esta quinta-feira, 14, para apreciação de vetos de Bolsonaro que não foram votados ainda por conta da LDO. Entre as pendências, o veto à compensação das perdas que os Estados terão com o limite ao ICMS incidente nos segmentos de energia, combustíveis, telecomunicações e transporte coletivo. O presidente chegou a anunciar que seria favorável à compensação, mas recuou. O baixo quórum, normal às quintas, joga a favor do governo e contra os governadores.