Campanha de Bolsonaro vai explorar prisão de Lula, mas tem de explicar “presidiários” do presidente

Da esquerda para a direita, aliados de Bolsonaro: Valdemar Costa; Roberto Jefferson; ao meio, o presidente; Coronel Menezes e Alfredo Nascimento (Arte: Thiago Alencar)

19 de março de 2022

12:03

Da Revista Cenarium

BRASÍLIA — O mote da campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro terá centralidade na prisão de Lula, invocando o questionamento: “você contrataria na sua casa ou empresa um ex-presidiário?” A estratégia para desgastar Lula, que lidera as pesquisas de intenção de votos, deve suscitar a condição de suas atuais companhias e comandantes de sua campanha. O dono do seu partido, o PL, é Valdemar Costa Neto, ex-presidiário e réu no escândalo do Mensalão. Dividindo as trincheiras bolsonaristas com ele, está seu ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-SE), processado por corrupção, lavagem de dinheiro e obstrução de Justiça, crimes decorrentes da Lava Jato.

Petrolão do PP

Ciro Nogueira e seu colega de partido, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), lideram um partido que coleciona escândalos, tanto que uma fase da Lava Jato mereceu a alcunha de “Petrolão do PP”, por ter sido a sigla com mais membros envolvidos nas investigações, 32 progressistas no total. Entre eles, Lira, que comanda com mão de ferro a Câmara, “tratorando” matérias do governo Bolsonaro que são verdadeiro retrocesso para a Amazônia. Também no Mensalão, o Progressista se destacou com dois parlamentares condenados: Pedro Henry (MT) e Pedro Correa (PE).

Centrão e Bob Jeff

Falando em Mensalão, outro forte apoiador de Bolsonaro é o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), um dos pivôs do escândalo, condenado e preso por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Outra prisão de “Bob Jeff”, como é chamado em Brasília, foi recente, por compor “organização criminosa que busca derrubar a estrutura democrática e o Estado de Direito no Brasil.” Segundo a Justiça, o réu do mensalão comanda a milícia digital de fake news e ataques a adversários do presidente. Bob também é uma das figuras “luminares” do Centrão, grupo que hoje comanda o País.

Alan foragido

Blogueiro bolsonarista, aliado de primeira hora de Bolsonaro, Alan dos Santos é foragido da Justiça brasileira e se esconde nos EUA. Passados cinco meses de seu pedido de prisão, a Interpol dá sinais de pouco caso para agir. Fundador do canal “Terça Livre”, Alan é acusado de “atacar integrantes de instituições públicas, desacreditar o processo eleitoral brasileiro, reforçar o discurso de polarização; gerar animosidade dentro da própria sociedade brasileira, promovendo o descrédito dos poderes da República.” Sem contar as fake news de seu canal, que desacreditaram a pandemia e a vacina, claro, atentado à saúde pública por expor pessoas a risco de morte

Aliados com ficha corrida

No Amazonas, a trupe bolsonarista acaba de se filiar em massa ao Centrão, grupo que compõe a ala mais fisiológica do parlamento Câmara e que atua em favor de qualquer governo em troca de cargos e verbas. As mais emblemáticas foram ao partido do presidente, PL, gente que há pouco atacava a “velha política.” Entre os recebidos de braços abertos pelo presidente regional da legenda, Alfredo Nascimento – com longa “ficha corrida” por escândalos de corrupção, abuso de poder econômico e falsidade ideológica quando ministro dos Transportes, o pré-candidato ao Senado, Alfredo Menezes, o mais novo integrante do Centrão amazonense.