15 de dezembro de 2020

20:12

Bruno Pacheco

MANAUS – A cantora Gabi Farias, de 24 anos, lançou no fim de semana seu novo clipe ‘Só’, marcando o fim do projeto ‘Vazante’, sendo a quarta faixa do primeiro EP da artista como carreira solo. A composição do vídeo é marcada pelos olhares e movimentos de bailarinas que retratam a beleza e a independência de mulheres amazônidas.

Em entrevista à REVISTA CENARIUM, a artista que traz em sua essência o novo MPB contou sobre o lançamento da obra e falou sobre o processo de transformação que vivenciou ao longo do ano, em meio à pandemia do novo Coronavírus. Na fase aguda da pandemia, o mercado de arte se fechou e milhares de artistas ao redor do mundo perderam seus postos de trabalho ou espaços de atuação.

No Amazonas não foram poucas as perdas para a comunidade artística, tendo inclusive nomes do meio entre as vítimas do novo Coronavírus. Mas, como a arte está sempre em movimento, gente como Gabi Farias tem sempre algo a dizer ou a mostrar ao público, ainda que nos dias atuais, essa exibição esteja mais condicionada aos veículos digitais como Facebook, YouTube ou Instagram.

Música preferida

“‘Só’ sempre foi a minha música preferida desse trabalho, porque desde o princípio ela foi a primeira que me impulsionou a iniciar essa etapa como artista solo, e que vem me acompanhando nesse processo de transformação. Estamos vivendo um período muito difícil e para nós, artistas, é ainda mais complicado, porque o nosso trabalho é com o público, com pessoas e a música foi ganhando outros significados”, comentou.

Veja também: Do novo MPB ao ‘indie’: novas caras dão fôlego à cena musical do Norte

Por meio do clipe, Gabi Farias destacou que buscou transmitir uma mensagem de que ‘estar só’ não significa ‘estar em solidão’ ou ‘triste’. Segundo ela, estar só também é aprender a se observar, como um maneira de autoconhecimento, é aprender a perceber as personalidades e as fases da vida que, mesmo desconhecidas, são enfrentadas.

Faces ou fases

No videoclipe, cuja produção durou pouco mais de seis meses até o lançamento oficial, as faces ou fases da cantora amazonense são representadas com o talento artístico de cinco lindas bailarinas, são elas: Bárbara Aranha (a liberdade), Isabella Dantas (a delicadeza), Kamila Vasconcelos (a consciência), Lorena Leles (a força) e Tayná Neves (a aceitação).

“Cada uma delas é como se representasse uma parte de mim, uma face diferente minha e, ao mesmo tempo, representam a si mesma, cada uma na sua individualidade, dentro da sua cor, sua área, tem uma força, uma singularidade. E eu quis mostrar esses diferentes rostos”, salientou.

Juntas ao coreógrafo Arley Paiva, sócio-proprietário do Studio 7 Núcleo de Dança, Gabi e as bailarinas desenvolveram um trabalho coreográfico que foi registrado pelas câmeras da diretora Grazi Praia no Palácio Rio Negro, Centro da cidade.

As diferentes belezas da mulher amazônida, para Gabi, precisava ser evidenciado. “Em nossa região, costumamos não se observar muito e acabamos vendo imagens prontas dentro das redes sociais, algo que não é nossa realidade. Além de trazer essa reflexão sobre o que é estar sozinho, eu queria de uma maneira prática mostrar que a beleza real também é bonita”, explicou.

Independência

Todo trabalho desenvolvido para o lançamento de ‘Só’ foi realizado de forma independente, sem incentivos financeiros de patrocinadores, segundo a cantora. Algo que, para Gabi Farias, sinaliza uma conquista imensurável e impagável, que representa um sinônimo de resistência.

“É muito importante entregar este trabalho de uma maneira totalmente independente, sem apoio de nenhum tipo de patrocínio. Tudo foi um investimento meu e de algumas pessoas que se solidarizaram e me apoiaram. Ser artista independente no Norte é resistir a muita pressão e a muitas barreiras. Poder lançar este clipe é sinônimo de resistência e ele é um marco importante para mim”, finalizou.

‘Só’ também marca o início de uma nova fase, cujo novo trabalho já está em processo de produção e se chamará “Enchente”. Com a possível solução da vacina face à pandemia, é bem possível que 2021 seja um ano realmente de “enchente” para a cena musical amazonense afinal, muitas obras foram represadas e aguardam que o mundo seja outro a partir de janeiro próximo. Agora é rezar esperar.

Assista ao clipe ‘Só’, de Gabi Farias: