Com alta de 29% em 2021, Imazon aponta ritmo mais acelerado de desmatamento na Amazônia
17 de janeiro de 2022
18:01
Iury Lima — Da Revista Cenarium
VILHENA (RO) — O alerta tem como base os números divulgados nesta segunda-feira, 17, pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon): 10.362 km² de mata nativa sumiram do mapa da maior floresta tropical do planeta, que tem quase 6 milhões de km². A devastação é equivalente à metade do Estado de Sergipe e aponta uma tendência ainda mais acelerada de degradação do principal bioma brasileiro, visto que em 2021 o desmatamento cresceu 29% em relação ao ano anterior.
As informações são do Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD) do próprio Imazon e compreendem tudo o que foi destruído dentro da Amazônia Legal, de janeiro a dezembro do ano passado. “Observamos que estamos num ritmo mais acelerado de desmatamento (…) foi a pior taxa de desmatamento anual do SAD dos últimos dez anos. Isso é muito preocupante. Uma área enorme está sendo devastada e num ritmo acelerado de devastação”, afirmou o pesquisador do Imazon Carlos Souza Jr.
Pior marca em uma década
Apesar de ter passado pelo pior período em uma década, ao atravessar o ano de 2021, o bioma amazônico já havia chegado à triste marca de mais alto índice de devastação em 2020, com 8.096 km² de vegetação arrancados da mata.
Além disso, a devastação atual é quase seis vezes maior que a registrada em 2012; mais um indício de que a degradação cresce ano após ano, sem ações de comando e controle eficazes por parte do governo federal para coibir os estragos.
Desmatamento acumulado de janeiro a dezembro (km²)
Pará e Amazonas lideram
O Estado do Pará continua na liderança dos índices de desmatamento entre as Unidades Federativas (UF) inseridas na Amazônia Legal. Foram 4.037 km², em 2021, ou seja, 39% de tudo que foi retirado da floresta.
Já o Amazonas foi o segundo Estado que mais desmatou. “Isso porque a destruição registrada em solo amazonense passou de 1.395 km², em 2020, para 2.071 km², em 2021, uma alta de 49%”, segundo o Imazon. Na avaliação do pesquisador Carlos Souza Jr., “o Estado do Amazonas tem uma taxa de desmatamento muito acelerada” e bateu recorde, pois se tornou “uma fronteira de expansão acelerada do desmatamento”. “Essa área precisa ser contida”, declarou à CENARIUM.
Os demais Estados, Acre, Maranhão, Mato Grosso, Rondônia, Roraima e Tocantins também tiveram as maiores taxas de floresta destruída em dez anos. A única exceção foi o Amapá, que não teve alta de desmatamento em relação a 2020.
Desmatamento acumulado de janeiro a dezembro de 2021 nos Estados da Amazônia Legal
Estado | Desmatamento em 2021 (em km²) |
Acre | 889 |
Amazonas | 2.071 |
Amapá | 18 |
Maranhão | 265 |
Mato Grosso | 1.504 |
Pará | 4.037 |
Rondônia | 1.290 |
Roraima | 256 |
Tocantins | 32 |
Terras Públicas na mira
As Terras Públicas da Amazônia estão entre os principais alvos, pois quase metade da destruição ocorreu em florestas registradas pela União. Os pesquisadores do Imazon chegaram a esta conclusão com base no banco de dados do Cadastro Nacional de Floresta Públicas do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), que apontam 4.915 km² destruídos dentro dos territórios federais. “Isso corresponde a 47% de todo o desmatamento registrado na Amazônia no ano passado”, alertou o Instituto. O aumento foi de 21% em comparação a igual período anterior, sendo, também, o pior em dez anos.
Florestas e Unidades de Conservação (UCs) estaduais também perderam vegetação nativa, além da média, no último ano. Foram 813 km², ou seja, 8% do total em toda a Amazônia. “Apenas nas Unidades de Conservação estaduais, foram destruídos 690 km², 24% a mais do que em 2020. Também, o pior acumulado em dez anos”, de acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia.
Estimativa para 2022
Para Souza Jr., “o cenário do desmatamento para 2022 é bastante preocupante. Nós já temos dados da PrevisIA [Inteligência Artificial que prevê áreas sob risco de desmatamento], que apontam que o desmatamento pode ser maior em 2022”, alertou o pesquisador.
“É bom lembrar que desde 2013 nós temos o desmatamento aumentado a cada ano e, nos últimos três anos, esse aumento foi de forma mais acelerada. Devemos, também, considerar que 2022 é um ano de eleição, quando, em geral, as fiscalizações tendem a reduzir. Então, é um alerta para a nossa população; para os governos, de que a gente precisa agir agora para evitar o pior cenário de desmatamento em 2022”, concluiu Souza Jr.