Comissão da Mulher Advogada da OAB-AM sobre Flávia Arruda: ‘As mulheres precisam ter seus direitos respeitados’

Comissão da Mulher Advogada da OAB-AM destaca que as mulheres precisam de respeito (Jander Souza/Cenarium)

15 de dezembro de 2021

18:12

Nauzila Campos – Da Revista Cenarium

MANAUS — O ato apontado pela ministra da Secretaria de Governo da Presidência da República, Flávia Arruda, como “machismo atrasado” por parte do senador Eduardo Braga, também repercute nas instâncias de proteção à mulher no Amazonas. É o caso da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Amazonas (OAB-AM).

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Em 15 de dezembro é comemorado o Dia da Mulher Advogada. Nesta data, em Manaus, advogadas amazonenses comemoram projetos em defesa e apoio às mulheres e também homenageiam profissionais de renome da área. Na ocasião, a presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB-AM, Maria Glaucia Barbosa Soares, falou com exclusividade à CENARIUM sobre o caso de repercussão nacional em que o senador Eduardo Braga (MDB) é acusado de intimidação contra a ministra Flávia Arruda por ter as emendas parlamentares negadas pelo Palácio do Planalto. A ministra também é advogada e a situação pela qual passou teve comoção e posicionamentos da direita e da esquerda no Brasil.

Evento da OAB-Amazonas aconteceu no Palácio da Justiça, em Manaus. De preto, a presidente da Comissão da Mulher Advogada (Imagens: Jander Souza)

A presidente da Comissão da OAB, que lembra de necessidade de se acautelar em virtude do direito de ampla defesa, comentou: “Antes de qualquer coisa, é necessário fazer um levantamento de todos os dados sobre o caso. Mas de forma geral, as mulheres precisam ter os seus direitos respeitados em qualquer ambiente, em qualquer situação. Na verdade, hoje, nós ainda precisamos mudar muito algo que ainda está na nossa sociedade, que são as estruturas patriarcais. Nós precisamos mudar nossas concepções. As mulheres são tão competentes e capazes, estão ocupando postos de liderança e decisão. Isso é muito importante”, disse Glaucia Barbosa, lembrando de uma cultura misógina ainda presente no País.

Caso uma profissional de qualquer área passe por um problema similar, pode contar com a Comissão da Mulher Advogada da OAB-AM. “As mulheres precisam buscar a rede de apoio que tem ao seu dispor e enfim validar o seu direito de buscar a justiça. Nós encaminhamos as mulheres para que elas possam ter acesso à delegacia. E daí é feito todo um trâmite legal com ampla defesa e contraditório. O nosso papel é esse: fortalecer as mulheres para que elas não possam ficar em silêncio e possam buscar ajuda”, afirmou a advogada Glaucia.

‘SOS ELAS’

A Comissão da Mulher Advogada da OAB-AM tem quase dez anos de existência e comemora avanços. “Temos um aplicativo chamado ‘SOS Elas’, que alcança as mulheres que precisam de segurança. Inclusive ele pode acionar o 190 e ainda cadastrar cinco pessoas de sua confiança. Em caso de perigo, com um leve toque, é possível acioná-las”, disse a presidente. O aplicativo está disponível para download no Google Play.

A presidente destacou também o projeto ‘Ressignificando Vidas Femininas’, que atua na independência de mulheres vítimas de violência doméstica. De acordo com ela, o projeto “já empregou mais de 100 mulheres que estão precisando de autonomia financeira para sair desse ciclo de dependência. Foram mulheres encaminhadas pelo Tribunal de Justiça no banco de dados que nós temos e alcançaram hoje o emprego formal. Vidas foram mudadas e ressignificadas no antes e depois de se ter conseguido empregabilidade e empreendedorismo”.

Comissão da Mulher Advogada da OAB-AM comemora o dia 15 de dezembro (Imagens: Jander Souza)