Comissão de Direitos Humanos do Senado aprova diligências para apurar crimes em Terras Yanomami

No requerimento, feito pelo senador Humberto Costa (PT-PE), a diligência será realizada para "apurar rigorosamente" os casos de violência contra os Yanomami (Reprodução)

04 de maio de 2022

20:05

Ívina Garcia – Da Revista Cenarium

MANAUS – A Comissão de Direitos Humanos do Senado conseguiu aprovação nesta quarta-feira, 4, para o envio de equipe para apurar denúncias de crimes contra os Yanomami, no próximo dia 12 de maio. No requerimento, feito pelo senador Humberto Costa (PT-PE), a diligência será realizada para “apurar rigorosamente” os casos de violência contra os Yanomami.

Em sua fala, Humberto atribuiu ao governo federal a responsabilidade pelos crimes contra o povo Yanomami. “Os casos denunciados pelo Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY) e outras entidades são escabrosos. Estupro, homicídios, infanticídio, desaparecidos… Está claro que o Governo Bolsonaro não só estimula essa violência, como é cúmplice dela. A depender do governo federal, nada será investigado. E não vamos deixar que isso aconteça”, afirma o senador.

No último mês, vários relatos violentos foram registrados em Território Yanomami. Na justificativa, Humberto lembra a crise humanitária que atinge a comunidade e pontua o isolamento do povo Yanomami desde o começo da pandemia de Covid-19. O parlamentar afirma, ainda, que a situação foi agravada após a chegada do garimpo ilegal.

“Trata-se de uma comunidade proibida pela Fundação Nacional do Índio (Funai) de receber ajuda humanitária por parte dos médicos e demais profissionais da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sob a alegação de que as tribos tinham de ser preservadas de contato externo por conta da Covid-19. Ao mesmo tempo, esta comunidade não foi devidamente assistida pelo Estado no combate ao novo coronavírus e de outras doenças graves, como a malária, que assolou o Território Yanomami”, diz em trecho.

Relatório

Em outro recorte, ele denuncia a omissão do governo federal. “O que observamos é que o Estado
brasileiro ainda é omisso e está deixando a comunidade Yanomami desaparecer”, e em seguida cita o relatório ‘Yanomami sob Ataque’, o qual a CENARIUM teve acesso e destrinchou, ajudando a expor a situação que a comunidade vem passando.

“À medida que os garimpos ilegais avançam, as comunidades perdem controle sobre o seu espaço de vida. Os garimpeiros transitam livremente e fortemente armados pelas comunidades, intimidando os indígenas e os forçando a coadunar com as condições impostas por estes invasores”. O relato de Humberto coincide com as denúncias realizadas pelo Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), quando chegaram na região dos Waikás e os indígenas não quiseram dar informações por medo dos garimpeiros.

Violência

No último dia 25, uma adolescente indígena de 12 anos foi morta após ser violentada sexualmente por garimpeiros na Comunidade de Palimiú, em Roraima. O caso foi denunciado pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, que destacou também que uma criança de 4 anos, que viajava com a jovem de barco, caiu no rio da região e desapareceu.

À época, em entrevista para a CENARIUM, o líder indígena disse que um grupo de homens do garimpo invadiu a comunidade e levou a adolescente e outras duas mulheres que estavam com a criança que, ao tentar se defender, caiu na água. 

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