Deputada do AM quer implantar ‘Lei Klara Castanho’ para punir servidores que violam sigilo de nascimento e adoção de crianças

Punições serão voltadas para qualquer pessoa da rede de saúde do Estado, servidor público ou não (Reprodução)

30 de junho de 2022

21:06

Bruno Pacheco – Da Agência Cenarium

MANAUS – A deputada estadual Alessandra Campêlo (PSC), presidente da Comissão da Mulher da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), apresentou nesta quinta-feira, 30, um projeto de lei inspirado no caso da atriz Klara Castanho, de 21 anos, que engravidou após ter sido vítima de estupro e cujo caso foi exposto na internet depois que a artista entregou o bebê para adoção. A medida, chamada de “Lei Estadual Klara Castanho”, estabelece sanções administrativas para servidores que violam sigilo de nascimento e adoção de crianças.

Em sessão plenária na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), Alessandra Câmpelo explicou que as punições a serem regulamentadas pelo poder público estadual serão voltadas para qualquer pessoa da rede de saúde do Estado, servidor público ou não, que não trate de forma correta e ética as pessoas ou o sigilo de informações das pessoas envolvidas no nascimento e no processo direto de adoção de recém-nascidos.

“Ele cria protocolos e metodologias, mas também sanções administrativas a qualquer pessoa que cometa esse tipo de crime na rede de saúde do Estado do Amazonas, seja ele servidor público ou não. Estamos aqui apresentando esse projeto de lei. Esse é um problema muito sensível e a mulher é sempre condenada”, destacou a deputada.

Deputada Alessandra Campêlo (Miguel Almeida/Divulgação)

Alessandra Campêlo chamou a atenção, ainda, para o fato de críticas da sociedade às mulheres que, vítimas de estupro, decidem pelo aborto legal, mesmo sendo um direito constitucional. “Se a mulher fica grávida de um estuprador e decide abortar, mesmo sendo um direito constitucional, ela é condenada pela sociedade. Se fica grávida de um estuprador e, mesmo tendo direito constitucional de praticar o aborto, mas decide ter um filho e depois entregar para doação, ela é condenada pela sociedade”, lembrou.

Assédio Sexual

Ainda nesta quinta-feira, 30, Alessandra Campêlo apresentou o Projeto de Resolução Legislativa (PRL) que cria a Campanha de Conscientização e Enfrentamento ao Assédio Sexual e Moral na Aleam. A medida também foi subscrita pelos deputados Serafim Corrêa (PSB), Dermilson Chagas (Republicanos), Adjuto Afonso (UB) e Carlinhos Bessa (PV) que reforçaram o compromisso de defesa dos direitos das mulheres.

Além disso, o caso de assédio sexual envolvendo o ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães – demitido do cargo após denúncias de assédio sexual contra funcionárias da estatal – foi lembrada na sessão plenária.

“Meu repúdio ao ex-presidente da Caixa Econômica Federal que, ficou claro, como está divulgado em toda a imprensa, a forma como ele tratava as mulheres. Ele é um criminoso, ele cometia crimes de assédio moral, de importunação sexual contra as servidoras da Caixa. Ele usava do poder e da posição que tinha para assediar e importunar as mulheres”, declarou Alessandra Campêlo.

Klara Castanho

O caso envolvendo Klara Castanho teve início após a apresentadora Antonia Fontenelle dizer, em uma rede social, que “uma atriz global de 21 anos teria engravidado e entregado a criança para adoção”. “Ela não quis olhar para o rosto da criança”, afirmou Fontenelle em uma live.

Com a repercussão da fala da apresentadora, internautas rapidamente associaram a versão contada por Antonia à Klara Castanho que, após julgada e atacada, publicou uma carta aberta no Instagram relatando que foi estuprada e engravidou, mesmo tendo tomado a pílula do dia seguinte.

“O relato mais difícil da vida”, explicou a atriz que não queria tornar o assunto público, mas se pronunciou após ter a adoção exposta. “Não posso silenciar ao ver pessoas conspirando e criando versões sobre uma violência repulsiva e de um trauma que eu sofri. Eu fui estuprada”, escreveu Klara Castanho na nota pública.