Desigualdade: Brasil tem 40 novos bilionários, enquanto 27 milhões estão na pobreza

Com os novos "superricos", a lista de bilionários brasileiros da Forbes neste ano tem 315 nomes (Reprodução/Internet)

29 de agosto de 2021

15:08

Marcela Leiros – Da Cenarium

MANAUS – A pandemia da Covid-19 tem acentuado os extremos econômicos no Brasil, transformando mais pessoas em bilionárias, enquanto empurra outras milhões para a miséria. Na quinta-feira, 27, a Forbes, revista estadunidense de negócios e economia, anunciou que 40 novos brasileiros conquistaram o primeiro bilhão de reais em 2021. Do lado oposto, o número de pessoas vivendo abaixo da linha chegou a 27 milhões, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Com os novos “superricos”, a lista de bilionários brasileiros da Forbes neste ano tem 315 nomes. A publicação indica que “os incentivos financeiros ao redor do mundo para fazer frente à crise aqueceram o mercado de capitais e apenas no primeiro trimestre de 2021 foram realizados 27 IPOs e 13 follow-ons na B3”, contexto que favoreceu o crescimento do seleto “clube”.

Segundo a Forbes, o mais rico entre os novatos é Marcelo Rodolfo Hahn, de 52 anos, cujo patrimônio é estimado em R$ 7,54 bilhões. A conquista é fruto da participação na Blau Farmacêutica, companhia que estreou na Bolsa em abril deste ano e está entre as principais farmacêuticas da América Latina. Outro novo bilionário é Israel Fernandes Salmen, de 33 anos, proprietário da companhia de cashback Méliuz. Ele e o sócio Ofli Campos Guimarães dividem a 297ª posição na nova lista de bilionários e possuem, cada um, fortuna estimada de R$ 1,15 bilhão.

Novos pobres

Em meio à pandemia, o número de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza atinge 12,8% da população brasileira. Comparando agosto de 2020 com fevereiro de 2021, esse número triplicou. No ano passado eram 9,5 milhões de pobres. A taxa deste começo de década foi maior que a do início da anterior (12,4%), em 2011, e que a de 2019 (11%).

O levantamento da FGV, divulgado em abril deste ano, também apontou que muitas famílias tentam sobreviver com o valor de R$ 246 (US$ 43,95) por mês. 

A pesquisa ainda mostrou que, mesmo com o novo auxílio emergencial, mais de 40% dos trabalhadores não conseguiriam ter suas perdas de renda compensadas após o tempo de interrupção. Considerando o repasse do valor de R$ 150, a estimativa é que a perda de renda será de 2% para os homens e de 4% para as mulheres, que pode agravar ainda mais a situação da fome. O estudo ainda revela que trabalhadores de todos os estados sofrerão com perdas de renda ainda que a família esteja apta a receber a parcela de R$ 250.