Dia da Abolição da Escravatura é motivo de reflexão para comunidade negra

13 de maio de 2022

13:05

Fábio Leite – Da Revista Cenarium

MANAUS – Entre a Abolição da Escravatura, decreto assinado pela princesa Isabel em 13 de maio de 1888 que instituiu a Lei Áurea e, assim, promovendo a libertação dos escravos. Para os dias atuais, ainda há muito o que se avançar na reparação histórica pelo período de privação da liberdade e escravidão até a constante falta de oportunidades e preconceitos, sejam velados ou escancarados.

A data gera conflito de opiniões sobre ser motivo de comemoração ou não para os movimentos negros, mas, no geral, serve como momento de reflexão e desabafo por todos os acontecimentos gerados contra a comunidade negra e sobre ações necessárias para diminuir os 353 anos de escravidão no Brasil.

Apenas dois anos após a assinatura do decreto que abolia a escravidão, em 1890, chegava em Manaus a família de Keilah Fonseca, representantes da comunidade do Barranco de São Benedito, o primeiro quilombo do Amazonas e o segundo em área urbana do País. A descendente de Dona Maria Severa Nascimento Fonseca se mostrou favorável as comemorações pela data.

“É muito importante para comunidade negra essa data porque é uma comemoração, porque muito antes, muitos negros lutaram para ter sua abolição. Eles compravam sua própria liberdade. E só com a libertação dos escravos que nós tivemos autoridade para estarmos no mundo porque, antes, nós éramos presos, nós vivíamos em cativeiros e hoje com a abolição nós conseguimos a nossa libertação, entre aspas”, contou Keilah.

Keilah é a favor de que se comemore a abolição, ainda que acredite que a libertação só ocorre entre aspas (Foto:

Dona de um lanche na quadra da Escola de Samba Vitória Régia, Keilah afirma que o preconceito racial é diário e aproveitou para protestar contra o atual governo federal. “Hoje, a comunidade está alegre por essa data festiva, mas infeliz pelo governo que nós temos porque é um governo preconceituoso que não têm oportunidades”, disse.

Já o secretário do Instituto Nacional Afro Origem, Christian Rocha, usou suas redes sociais para protestar contra a data. “O dia 13 de maio é uma data em que convidamos o Brasil para refletir nos resultados desta abolição. As consequências deste processo que se transformou no que chamamos de continuidade do processo escravocrata, porém, por meio de comportamentos que passaram a ser mais expostos”.

O secretário diz que o País é racista e que, nos dias atuais, os negros ainda precisam pedir respeito. “O Brasil é racista! Não se admite a ascensão do Negro, foram as sequelas deste processo abolicionista que fazem com que negros e negras em pleno século 21 continuem pedindo respeito e inclusão”

Atividades comemoram a abolição

Com a ideia de mostrar a cultura da comunidade negra, festividades serão realizadas nesta sexta-feira, 13, em espaços públicos e terreiros, com apresentação de danças como maracatu, capoeira, samba de roda e outras atividades. E neste sábado, 14, das 17h às 23h, será realizado o pagode do Quilombo, alusivo ao Dia da Abolição da Escravatura, na Comunidade de São Benedito, bairro Praça 14, zona Sul.