Dia Nacional do Samba: sambista amazonense fala de estilos, tendências e produções do ritmo mais popular do País

(Reprodução/Internet)

02 de dezembro de 2021

15:12

Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS – Dia 2 de dezembro é a data dedicada à manifestação popular que simboliza a cultura brasileira. O Dia Nacional do Samba lembra as raízes africanas da Nação. O gênero musical ganhou o mundo e gerou a grande festa nacional tupiniquim, o Carnaval.

Costuma-se falar que o samba tenha nascido nos morros cariocas, no Rio de Janeiro, início do século XX, mais precisamente na Rua Visconde de Itaúna, próximo à Praça Onze, após surgir uma roda de amigos que improvisavam versos na casa de dona Hilária Batista de Almeida, conhecida como “tia Ciata”. Porém, historiadores afirmam que o gênero musical surgiu na Bahia e se fortaleceu no Rio de Janeiro, tornando-se o ritmo “queridinho” da região.

Cenário local

Ao longo do tempo, o Samba foi fazendo alunos e conquistando amantes por todo o País. No Amazonas, é possível encontrar admiradores e pessoas que dedicam parte do seu tempo à criação de boas canções que embalam rodas de samba Brasil afora. É o caso do sambista Júnior Rodrigues, que afirma que o samba amazonense é um “filho” do samba carioca.

O samba pode ter várias vertentes influenciadas por outros estilos musicais. (Reprodução/ Internet)

“Temos uma mesma pegada carioca por conta dos pioneiros, como Dudu Banjo, Mestre Caio, Paulo Onça, que trouxeram essas primeiras informações na década de 1980, mas é claro que vai se modificando um pouco a cada música, pois cada uma tem sua particularidade, porém o swing é inspirado nas produções do Rio de Janeiro”, explica o sambista.

Atuando no samba há 33 anos, o amazonense ressalta a realidade da produção local. O sambista conta que sente falta de canções produzidas por profissionais no Estado. “Primo muito pela produção, pois percebo que falta coisa nossa nas rodas de samba amazonense. Fazemos muitos eventos voltados ao ritmo, mas com muitas canções de fora”, lamenta o compositor.

Com cinco álbuns lançados, o artista, que já compôs para cantores como Alcione, com o conhecido samba “A casa da mãe da gente”, em 2010, fala com carinho sobre a dedicação para com as obras musicais. “Fiz um apanhado superficial esses dias e já consegui colocar, seja cantando ou produzindo, ao menos, 350 fonogramas na rua e eu primo pela produção. Acho importante para preservar o ritmo”.

Estilo e preferências

Com variações, o ritmo sofre influências de outros estilos que resultam em samba rock, samba-enredo, pagode, samba carnavalesco, samba de gafieira, samba de breque, entre outros. A preferência dos manauaras, segundo Júnior, é de acordo com o que é oferecido a cada temporada.

“Manaus tem eventos de samba quase todo dia. O manauara é eclético, ele vai de acordo com o que as casas de show oferecem, mas se você gosta de um samba mais romântico, você encontra, se quer algo mais tradicional, tem também. Tem para todos os gostos”, conta Rodrigues.

O sambista Júnior Rodrigues tem mais de 30 anos de carreira. (Reprodução/ Divulgação)

Além daqueles que ajudaram a construir o cenário local no segmento, Júnior faz questão de destacar nomes que ele considera figuras importantes em âmbito nacional, como Paulinho da Viola, Elza Soares, Jorge Aragão, João Nogueira, Beth Carvalho, Clementina de Jesus, Aldir Blanc, Chico Buarque, João Bosco, Pixinguinha e Ataulfo Alves.

Patrimônio e resistência

Segundo os registros da Biblioteca Nacional, o ritmo centenário teve a canção “Pelo Telefone” como a primeira gravação em disco de samba no Brasil, no ano de 1917. Anos depois, já popularizado, o gênero se tornou obra-prima do patrimônio oral e imaterial da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), sendo a primeira manifestação musical brasileira a receber este título. “O samba tem mais de cem anos, atravessa crises como tudo nessa vida, mas não vai morrer nunca”, pontua o sambista.

O artista aproveita para deixar uma dica aos que desejam se dedicar em perpetuar a arte símbolo da alegria e simpatia do brasileiro. Para o profissional, o caminho é o diálogo e a busca pelo conhecimento sobre o universo do samba e suas raízes. “É muito importante para quem está chegando agora buscar os mais velhos e experientes para fazer com que o caminho seja menos tortuoso, pois não é fácil. Não se limite a rodada de amigos, finais de festas. Vamos produzir mais e reproduzir menos, e viva o samba!”, finaliza.

Assista a essa versão de “Pelo Telefone”, cantada pelo apresentador Rolando Boldrin, no programa Sr. Brasil, da TV Cultura.

Escolas

Atualmente, há mais de 20 escolas de samba divididas entre grupo especial, grupo de acesso A, grupo de acesso B, entre outras. Dentre as mais conhecidas estão a tradicional Vitória-Régia, Mocidade Independente da Aparecida, Unidos do Alvorada, Andanças de Cigano e Reino Unido da Liberdade.