Dilma Roussef completa 73 anos e se torna herança política feminina no Brasil

Da luta armada à presidência da república. Dilma Rousseff é uma legenda eternizada na história política do Brasil (Reprodução/Internet)

14 de dezembro de 2020

21:12

Mencius Melo

MANAUS – Dilma Vana Roussef completa 73 anos de vida. De integrante da luta armada durante os anos de chumbo da ditadura militar no Brasil à ministra linha dura da era Lula e posteriormente candidata guindada e eleita por ele à presidência da república, Dilma caiu sob a pressão de uma articulação que uniu revanchismo, cinismo político e denúncias de corrupção.

Quatro anos após sua queda, Dilma Rousseff segue no centro dos debates políticos brasileiros e na luta polarizada entre esquerda e a extrema-direita que ascendeu ao poder na debacle que resultou na eleição de Jair Bolsonaro. No Amazonas, agentes políticos e cientistas sociais avaliam o que foi sua passagem pela presidência e os símbolos que ela representa no contexto atual.

A candidata a vice-prefeita na chapa de José Ricardo (PT), que disputou recentemente a prefeitura de Manaus, Marklilze Siqueira, comentou sobre a presença de Dilma na vida pública. “Parabéns Dilma, primeira presidenta do Brasil. Sua coragem, força e inteligência é um exemplo para todas as mulheres que ousam ocupar a política”, parabenizou a integrante do Psol.

Coragem e golpe

Ainda segundo Marklilze, Dilma foi vitima de uma articulação que encontrou no machismo, uma trincheira para lhe enfraquecer. “Dilma abriu caminho para dizer que é possível mulheres governarem o nosso país. Essa mulher enfrentou a violência política machista e sexista de um golpe arquitetado!”, protestou a ex-candidata.

Já o advogado Marcelo Amil, que também disputou a prefeitura de Manaus pelo PC do B, falou sobre as maldades que se constroem nos labirintos das maquinações palacianas de Brasília. “A Dilma é a personificação do quanto a política pode ser cruel. Ela é a primeira presidenta eleita da história do Brasil”, destacou.

De acordo com o advogado, sua biografia ainda é a maior bandeira de dignidade que ele pode hastear no terreno da política. “Ela foi cassada em um processo fraudulento e que hoje todo mundo enxerga e tal qual ela resistiu aos fuzis da ditadura militar ela resistiu aos canhões do linchamento e hoje continua sendo uma referência para todos que defendem a democracia nesse país”, observou.

Reconhecimento

Para o sociólogo Luiz Antônio, o legado de Dilma será reconhecido posteriormente, como assim o foi de Juscelino Kubistchek. “Foi um governo de extrema importância O debate sobre a política nacional de creches, por exemplo, é um programa que propõe levar milhões de crianças ao ensino básico pré-escolar à milhões de crianças”, pontuou.

Para o cientista, Dilma cometeu erros que não se pode cometer em política. “Ela perdeu de vista a capacidade de articulação política e o Lula avisou. Também pesou o fato de você ter uma mulher na presidência da república e isso abriu o debate de gênero. Mas, é bom que se diga que ela se pautou mais no governo técnico e não tão feminista”, ponderou.

Legado humano

Para Luiz Antônio, Dilma deixa um legado. “O legado foi a dignidade, a absoluta convicção de que ela estava correta. Todas as instancias administrativas e judiciais corroboram hoje que ela não praticou pedalada, não praticou corrupção, não praticou crime de responsabilidade. Foi um golpe jurídico-parlamentar”, lamentou.

Ele chama ainda a antenção sobre os alertas emitidos pela ex-presidente. “No discurso ela avisou quem ficaria de que lado da história. Ela avisou que o golpe contra um governo legítimo eleito pela sociedade traria consequências inimagináveis para a sociedade. Estamos desde 2016, em uma crise sem fundo”, finalizou o sociólogo.