Em Manaus, acontece exposição inspirada em ‘Estatutos do Homem’ de Thiago de Mello, aclamado poeta da Amazônia
07 de julho de 2020
20:07
Mencius Melo – da Revista Cenarium
MANAUS – Um casarão dos áureos tempos da borracha, com toda elegância que a riqueza do látex da seringueira produziu em cidades como Manaus (AM) e Belém (PA), será palco de exposição inspirada no célebre poema do poeta Thiago de Mello: “Os Estatutos do Homem (Ato Institucional Permanente)”.
A instalação será inaugurada nesta quarta-feira, 8, no ‘Centro Cultural Casarão de Ideias’, localizado na Rua Barroso, 279, Centro da capital amazonense, das 15h às 19h. A entrada é gratuita e a exposição seguirá até o dia 8 de agosto.
A obra é inspirada no ‘Artigo III’, do aclamado poema do escritor amazônida cuja idade já ultrapassa mais de meio século.
No poema atemporal de 1964, Thiago de Mello dialoga com um mundo em plena ‘guerra fria’. O Brasil acabara de mergulhar nas trevas da ditadura militar.
Grande parte da América do Sul, estava sob o avanço da sombra do autoritarismo ‘verde oliva’. O poeta brasileiro era adido cultural no Chile, cargo ao qual renunciou por não compactuar com o ‘Artigo Institucional nº01’.
Inspiração nas trevas
Pode-se assim dizer que a burocracia dos ‘atos institucionais’ com os quais os generais avançavam sobre os direitos civis no Brasil, foi a inspiração para que Thiago escrevesse os “Estatutos…”.
Em entrevista à Revista do ‘Movimento Humanos Direitos’ em 2009, Thiago relatou sua reação no Chile, quando os militares derrubaram João Goulart em 1964: “Fiquei silencioso. Nem preciso falar agora. A história já falou”, relembrou Thiago, à época.
Segundo João Fernandes, diretor cultural do ‘Casarão de Ideias’, a instalação ‘Artigo III – Uma inspiração poética”, foi concebida sob a ótica da terceira parte do poema que possui 14 artigos e dois parágrafos.
“O artigo III reza sob os girassóis, ‘que haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra…’ e isso espelha bem, o momento de sombras que estamos vivendo com essa pandemia”, destacou João Fernandes.
Girassol como símbolo de luz
Ainda segundo João, a exposição não tem um papel reflexivo filosófico, é algo para acolher o visitante. “Não é uma imersão, é um algo para as pessoas se sentirem bem”, sintetizou.
“O girassol é muito bem simbolizado no poema porque é uma flor que sempre busca a luz, essa é ideia da exposição: um novo despertar buscando a luz”, enalteceu João Fernandes.
Para evitar aglomerações e seguindo as regras de controle sanitário, somente 10 pessoas poderão entrar no ambiente por vez e com um tempo de permanência cronometrado.
“Vamos deixar as pessoas curtirem a instalação por no máximo meia hora e claro, disponibilizaremos e exigiremos o uso de máscaras e iremos também disponibilizar álcool em gel”, finalizou o diretor.