Em Manaus, Univaja e ativistas realizam manifesto em homenagem ao indigenista Bruno Pereira e jornalista Dom Phillips

"Essas figuras emblemáticas, heróis que tombaram em nome das causas indígenas, não vão cair no esquecimento, precisamos enaltecer o nome dessas pessoas, não queremos que este caso seja apenas mais um crime que ocorreu, afirma Yura Marubo (Gabriel Abreu/CENARIUM)

02 de julho de 2022

21:07

Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS – A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), ativistas e apoiadores das causas indígenas, realizaram neste sábado, 2, um ato em homenagem ao jornalista inglês Dominic Mark Phillips e, especialmente, em memória do indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira, ambos mortos no último mês de junho enquanto viajam pela região do Vale do Javari, município de Atalaia do Norte (distante 1.137 quilômetros de Manaus).

“Uma das intenções deste movimento é lembrar o trabalho do Bruno e também fazer um ato para enaltecer a dignidade da pessoa e nome do Bruno, que ficou por dias sendo atacado pelas autoridades do poder executivo. E não vamos deixar que alguém que não influenciou em nada naquela região faça um trabalho de desconsideração em relação ao Bruno, ao Dom e também ao Maxwell Pereira do Santos, indigenista que também foi morto no Vale do Javari”, salienta Yura Marubo, um dos coordenadores da Univaja.

Participantes do manifesto pedem paz na Amazônia (Gabriel Abreu/CENARIUM)

Agradecimento e frente de defesa

Marubo destaca ainda que o manifesto também é uma forma de agradecimento aos que participaram, de alguma forma, das ações de busca por Bruno e Dom durante o período de desaparecimento e uma oportunidade de chamar atenção para a proteção das terras indígenas.

“É um manifesto de agradecimento também, muitas pessoas envolvidas em apoio naquele momento. Nesse contexto também atentamos para as frentes de defesa e luta dos povos indígenas e dos que vivem na Região Amazônica“, afirma Marubo que completa:

Essas figuras emblemáticas, heróis que tombaram em nome das causas indígenas, não vão cair no esquecimento, precisamos enaltecer o nome dessas pessoas, não queremos que este caso seja apenas mais um crime que ocorreu. E nós, como lideranças indígenas, vamos enaltecer os nomes dessas pessoas”, destaca.

Manifesto por Bruno e Dom no Largo São Sebastião em Manaus (Gabriel Abreu/CENARIUM)

Atualizações e demandas

O coordenador relembra a reunião realizada nos últimos dias entre representantes da Univaja com deputados, senadores, procuradores do Ministério Público Federal (MPF) e Conselho Nacional de Justiça (CNJ), além da participação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso.

O encontro visava cobrar das autoridades uma ação efetiva quanto à defesa dos direitos indígenas e garantia de segurança na Região Norte do País. “Eles ouviram diretamente dos povos indígenas as demandas e problemas que assolam aquele lugar. Por ser uma área fronteiriça precisamos de um cuidado maior naquela região”, explica.

Ato em Belém

Além de Manaus, amigos de Bruno e Dom também farão um ato inter-religioso em memória das vítimas. A ação religiosa será celebrada no próximo dia 5 de julho, a partir das 19h, na Praça do Carmo, bairro da Cidade Velha, em Belém, cidade, inclusive, onde Bruno residiu nos últimos seis anos.

O ato que aborda “30 dias de saudades” terá a presença de representantes de denominações religiosas diversas. Em cards disseminados nas redes sociais e aplicativos de mensagens feitos para convocar a população para o manifesto, amigos de Bruno e Dom ressaltam que o legado da dupla em defesa da Amazônia e a atuação contra o genocídio indígena será honrado.

(Reprodução/Divulgação)