Em Rondônia, ex-vereador é indiciado por matar e ocultar corpo de amante em cova rasa

Segundo a polícia, Obadias Ferreira da Silva mandou abrir a cova para ocultar o corpo de Edilene três dias antes do crime. (Reprodução/Redes Sociais)

07 de agosto de 2021

18:08

Iury Lima – Da Cenarium

VILHENA (RO) – Na semana que marca os 15 anos da criação da Lei Maria da Penha, de combate à violência contra a mulher, a Polícia Civil de Rondônia (PC-RO) indiciou o ex-vereador Obadias Ferreira da Silva pelo feminicídio de Edilene Vieira da Silva, de 29 anos, vítima que mantinha um relacionamento extraconjugal com o ex-parlamentar.

Edilene foi morta por asfixia, devido ao estrangulamento com uma rede de dormir entrelaçada no pescoço, durante um encontro em uma propriedade rural de Obadias. O ex-vereador ainda ocultou o corpo da vítima, que teve a ossada encontrada em uma cova de três metros de profundidade, em frente à chácara de Obadias, em Ji-Paraná, a 370 quilômetros de Porto Velho.

O crime

De acordo com a polícia, Silva teria mandado abrir premeditadamente a cova três dias antes do crime. No buraco onde os restos mortais de Edilene foram encontrados, também estavam documentos pessoais e outros pertences, como capacete de motocicleta e uma bolsa.

O local foi escavado por cerca de sete horas até que a ossada da mulher fosse encontrada. Durante os depoimentos, o ex-vereador apresentou versões divergentes da história, em uma delas, alegou legítima defesa, após ter, supostamente, sofrido uma agressão de Edilene.

Ossada de Edilene da Silva foi encontrada dentro de uma cova junto de seus pertences pessoais, na chácara da família do ex-vereador. (Reprodução/Polícia Civil)

Indícios e qualificadoras do crime

Nessa sexta-feira, 6, a polícia informou que o ex-representante político, preso desde o mês passado na condição de suspeito, acabou indiciado pela morte da jovem, apontada como amante. O crime de homicídio recebeu quatro qualificadoras agravantes de pena: feminicídio, morte por asfixia, dissimulação para dificultar a defesa da vítima e estelionato continuado.

O estelionato seria em razão do que a PC considerou ser a existência de “promessas vazias” feitas à mulher e também pelo fato de que as investigações apontaram uma movimentação de R$ 30 mil na conta bancária de Edilene, com parte deste valor destinado ao ex-vereador.

Obadias Ferreira da Silva deve ainda responder pelos crimes de ocultação de cadáver e lavagem de capitais. Edilene da Silva estava desaparecida desde o dia 13 de abril deste ano.

O ex-vereador

Obadias Ferreira da Silva é casado e tem 47 anos. Em 2016, foi eleito vereador de Ji-Paraná pelo Democratas, com 1.683 votos válidos. Dois anos depois, deixou o cargo e tentou subir à Assembleia Legislativa como deputado estadual, mas não obteve sucesso. Em 2020, concorreu novamente por uma cadeira da Câmara Municipal de Ji-Paraná, mas com apenas 575 votos, não foi eleito.

Uma fonte informou à CENARIUM que Obadias ainda é suspeito de pelo menos três outros crimes de feminicídio, todos de mulheres que também tiveram envolvimento com ele.

Obadias pode ainda ser responsável pela morte de três outras mulheres. (Reprodução/Redes sociais)

A reportagem não conseguiu contato com a defesa do político, que está recluso no Presídio Agenor Martins de Carvalho, em Ji-Paraná. Até o momento, a CENARIUM também não localizou os responsáveis pela defesa do ex-vereador.