Escritores amazonenses marcam presença na Bienal Internacional do Livro em SP

Escritores amazonenses marcam presença na Bienal Internacional do Livro em SP. (Arte CENARIUM)

05 de julho de 2022

14:07

Eliziane Paiva – Da Revista Cenarium

MANAUS – Em quatro dias de evento na Expor Center Norte, em São Paulo, a 26ª edição da Bienal Internacional do Livro com o retorno no formato presencial traz, dentre a grande quantidade de livros, lançamentos de autores amazonenses.

O evento, que teve início no último sábado, 2, e vai até o dia 10 de julho na capital paulista, conta com o lançamento da obra “Estudos de Literatura do Amazonas”, escrita por Tenório Telles e Antônio Paulo Graça (1952-1998), e a obra da amazonense Milena di Castro, autora da obra bilíngue “O livro do Milagre: você é capaz!”.

Escritores amazonenses marcam presença na Bienal Internacional do Livro, em São Paulo. (Arte/REVISTA CENARIUM)

Além dos escritores, também estão presentes na bienal Wilson Nogueira, que lança o livro “Órfãos das Águas”, e a filósofa Neiza Teixeira, com o livro “Para aquém ou para além de nós: uma contribuição do pensamento primitivo ou bárbaro para o pensar do futuro”, e mais duas obras.

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Sobre os autores

Tenório Telles

O escritor, que fará o lançamento do livro “Estudos de Literatura do Amazonas”, disse, em entrevista para a REVISTA CENARIUM, que o evento ajudará na promoção do processo literário local, apresentando para o público nacional os escritores que ajudaram a escrever a história da literatura no Amazonas.

“A presença de autores da Amazônia é importante para a divulgação da nossa produção intelectual e também o debate sobre temas expressivos da realidade regional”, enfatiza o escritor.

Telles destaca a importância de estar presente em um evento como a Bienal. “A literatura que se produz no Amazonas sempre teve relevância em âmbito nacional, com a projeção de obras e autores que conquistaram notoriedade”, disse.

Tenório Telles (Divulgação)

Tenório também fala sobre o que espera do evento. “Minha expectativa é que a Amazônia seja reconhecida também pelo trabalho de seus criadores e pensadores. Pelas obras fundamentais que ajudam a desvelar a sua complexidade e seu processo histórico-cultural. Isso é importante para formar uma compreensão adequada desse enigma que é a Amazônia”, falou em entrevista à REVISTA CENARIUM.

(Divulgação)

Durante o evento, Telles fará uma palestra como parte das atividades da Bienal para falar da literatura amazonense e divulgar os autores e obras marcantes do processo cultural local. “Afinal, só podemos defender com segurança o que conhecemos. Farei uma palestra sobre a literatura no Amazonas e, ao final, apresentarei alguns poemas de nossos autores e alguns de minha autoria”, ressalta.

A obra “Estudos de Literatura do Amazonas” é o resultado de uma pesquisa de quase 30 anos, dos professores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Tenório Telles e Paulo Graça, que veio a falecer em 1998 antes de ver a obra concluída, em 2021, com o estudo da produção literária amazonense desde o período colonial até agora.

Neiza Teixeira 

A autora e coordenadora da editora Valer irá se apresentar na Bienal na quinta-feira, 7. Neiza vai expor a terceira edição do livro “Para aquém ou para além de nós: uma contribuição do pensamento primitivo ou bárbaro para o pensar do futuro”, que é destaque entre suas obras mais vendidas porque trata da articulação de um diálogo possível entre as vozes da Amazônia e as bases do pensamento ocidental. 

Nascida no Lago do Limão, zona ribeirinha de Parintins, Neiza já morou na França, Alemanha e Portugal, onde conquistou o título de Doutora em Filosofia, na Universidade do Porto. A autora lança mais duas obras reeditadas, o “Moronguetá: um decameron indígena, de Nunes Pereira”, e “Árvore que chora: o Romance da borracha, de Vicki Baum”.

Neiza Teixeira (Divulgação)

Para a filósofa, vivemos, agora, o retorno do pensamento ocidental para as suas bases gregas, e é nesse contexto que o pensamento indígena pode dar a sua contribuição, visto que, mesmo sob séculos de influências externas, se mantém voltado para uma visão mais holística e menos individualista.

(Divulgação)

Quanto ao evento em São Paulo, Neiza tem expectativas de alcançar um número maior de leitores. “O que importa mesmo é que ‘Para aquém ou para além de nós(…) ‘ ganhe novos leitores e, sobretudo, que a sua proposta seja conhecida e analisada”, ao se referir a terceira edição de seu livro e que acredita ser o que todo autor espera quando escreve algo em que acredita verdadeiramente.

Wilson Nogueira

A produção literária “Órfãos das Águas”, de Wilson Nogueira, conta a história da amizade entre um menino e um filhote de peixe-boi, ambos órfãos, e marca o enredo de forma lúdica, apresentando um importante apelo para a preservação da Amazônia, um alerta mais atual do que nunca, diante dos problemas enfrentados pela região. 

Nascido no município de Parintins, no Estado do Amazonas, Wilson é jornalista, é graduado em Ciências Sociais, mestre e doutor em Sociedade e Cultura na Amazônia, e pós-doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

Escritor Wilson Nogueira. (Divulgação)

O autor relata que espera, com a participação na Bienal, que os temas levantados pela obra ganhem mais visibilidade. “O livro mostra que os ecossistemas estão todos interligados. Nós dependemos uns dos outros. Dependemos dos bichos, da floresta, da água. Precisamos preservar isso, senão, como iremos viver?”, destacou.

Milena di Castro

A obra motivacional “O livro do Milagre: você é capaz!”, da autora bilíngue Milena di Castro, é a primeira da profissional de comunicação e musicista. Com selo da Editora Illuminare, foi traduzida para o espanhol, com o título “El libro del Milagro: usted es capaz!”, e lançado na Bienal e também na Argentina e Portugal. E será omercializado, também, em formato de ebook.

Milena di Castro (Divulgação)

A autora destaca ainda que teve grandes contribuições para sua obra. “Sou grata a cada momento, pois muitas pessoas ajudaram esse projeto. A revisão da Gracy Drumond, a satisfação de ter um prefácio escrito pelo Dr. Robério Braga, presidente da Academia Amazonense de Letras, a capa, que está sendo muito elogiada, é da artista plástica Rosa dos Anjos e temos convites para o fim do ano estarmos na Argentina”, disse di Castro.

(Divulgação)

Bienal do Livro

A organização da Bienal informou que tem a expectativa de receber, até o fim do evento, um público de 600 mil visitantes. “De acordo com a Câmara Brasileira do Livro (CBL), realizadora do evento, o primeiro dia 2, da Bienal teve grande comparecimento do público ávido por novidades, o que provocou filas. De imediato, a direção da feira providenciou ajustes na operação, a fim de aprimorar ainda mais a estrutura voltada à visitação, prioritariamente no quesito da segurança dos visitantes. Por conta desse grande fluxo, a organização incorporou à rotina do evento um aumento no efetivo operacional”, diz a nota do evento. 

A Bienal do Livro de São Paulo acontece até o dia 10 de julho. Mais informações podem ser obtidas pelo site do evento https://www.bienaldolivrosp.com.br/