Esporotricose: saiba o que é a doença fúngica que pode ser transmitida de gatos para humanos

O vírus está presente na vegetação em decomposição, como pedaços de madeira, galhos e folhas secas, a doença causa feridas graves na pele que podem afetar animais e humanos. (Reprodução/Pixabay)

22 de março de 2022

17:03

Eliziane Paiva – Da Revista Cenarium

MANAUS — A esporotricose é uma doença que pode ser transmitida de gatos para os seres humanos quando há contato direto com a pele lesionada. A transmissão é feita por meio de contato com áreas contaminadas pelo fungo, que é encontrado na vegetação em decomposição como tábuas úmidas de madeira, por exemplo. Lesões na pele com o surgimento de um pequeno caroço avermelhado podem aparecer nos braços, pernas ou rosto. Muitas vezes esses caroços ficam sobressalentes nas áreas afetadas e podem se romper formando uma ferida de difícil cicatrização.

O fungo causador da esporotricose, de nome científico Sporothrix schenckii, é irradiado também por meio de arranhões ou mordidas de cães, ratos e outros pequenos animais, como os gatos, sendo os felinos os principais bichos afetados, além de transmitir a doença para os humanos.

O ativista da causa animal e vereador Kennedy Marques (PMN) relatou, em sessão plenária, na última segunda-feira, 21, que foi diagnosticado com esporotricose e está em tratamento. “Há pouco tempo eu estava enfermo. Passei 30 dias hospitalizado, estou com acesso aqui no pescoço, pagando um preço muito alto por isso, e, na sexta-feira passada, depois da cultura que foi feita, foi constatado que estou com esporotricose”, desabafou.

Em entrevista à CENARIUM, o vereador informou que está “em tratamento com resultados satisfatórios. “Hoje, já existe um setor no Hospital Tropical específico para isso, muito importante e necessário.”

Tutores de gatos relatam que Manaus está vivendo um surto de esporotricose, já que as manifestações da doença podem variar entre feridas leves ou profundas, no geral, com a presença de secreções que não cicatrizam e costumam evoluir rapidamente. 

Atendimento deficiente

O cuidador e protetor de animais Vinícius Leal contesta o atendimento do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). “Manaus continua vivendo um surto de esporotricose perigosíssimo e o poder público não faz nada. O atendimento do CCZ é deficiente e eles ignoram as denúncias que chegam para eles, não fazem nada”, desabafou.

Até a publicação desta reportagem, a CENARIUM não obteve retorno do CCZ sobre os casos da doença na cidade.  

Recomendações para evitar proliferação

A médica veterinária Adriana Oliveira (CRMV 0665) informou que a recomendação para quem tem animais com lesões é ter o cuidado redobrado quando for manipular o gato para não acontecer arranhões ou mordidas. É importante também evitar lesões cutâneas sem a mão estar protegida com luvas. Caso a pessoa seja arranhada é importante lavar a região com sabão e procurar assistência médica.

“A esporotricose possui tratamento, cura e o diagnóstico dos animais, por isso, o tutor deve ficar atento ao suspeitar de esporotricose. Não se deve abandonar, maltratar ou sacrificar. Caso suspeite que seu animal de estimação está com esporotricose, procure um médico veterinário para receber orientações sobre como cuidar dele sem arriscar ser contaminado. Com tratamento adequado e informações corretas sobre os cuidados necessários, é possível promover a cura do animal.”

A médica veterinária recomenda também o isolamento do animal com a doença de outros animais para um ambiente próprio. Recomenda-se ainda que, em caso de morte do animal com esporotricose, o corpo seja cremado, e não enterrado, pois a micose pode se proliferar pelo solo, espalhando a doença para outros animais.

Tratamento e controle da doença

É importante destacar que a doença tem tratamento, e manter os animais isolados é uma forma de controlar a proliferação da doença para outros animais. Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por meio do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), unidade responsável por pesquisar a esporotricose, esclarecem que, dependendo do caso, o tratamento nos animais pode durar meses ou mais de um ano.

Como a esporotricose está incluída no grupo das micoses subcutâneas e pode ser confundido com outras doenças de pele, o ideal é procurar um dermatologista para obter um diagnóstico adequado.

O atendimento de esporotricose em Manaus está sendo feito pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), na sede localizada na Avenida Brasil, s/nº, Compensa, de segunda a sexta das 8h às 16h, e na Minivila Olímpica do Coroado, de segunda a sexta das 8h às 12h. O número de contato exclusivo para atendimento da esporotricose é o (92) 98842-8484 ou basta procurar os locais e dos Serviços de Atenção Básica do Programa Saúde da Família.