Estiagem dos rios deixa três municípios do Amazonas em emergência

Seca no Lago do Aleixo, em Manaus. (26.out.22 - Ricardo Oliveira/Agência Amazônia)

06 de setembro de 2023

14:09

Marcela Leiros – Da Agência Amazônia

MANAUS – Pelo menos três municípios do Amazonas estão em situação de emergência com o período de estiagem dos rios no Amazonas. De acordo com a Defesa Civil do Estado, Benjamin Constant (na Calha do Alto Solimões) e Envira e Itamarati (na Calha do Juruá) já sentem os primeiros danos da seca. A escassez de água, durante a seca na Amazônia, afeta diretamente as atividades de pesca, agricultura e abastecimento das comunidades ribeirinhas.

Além das cidades em emergência, também há 16 localidades em alerta – cota em que o primeiro dano é observado no município – e oito em atenção – com possibilidade moderada de ocorrência de inundação. No total, o Amazonas tem 62 municípios.

Em Benjamin Constant, de acordo com a Defesa Civil, já são 4.543 famílias afetadas, totalizando 18.172 pessoas afetadas. Os outros dois municípios em emergência ainda não disponibilizados os dados no sistema do órgão.

Veja os municípios monitorados pela Defesa Civil do Amazonas:

Atenção: Lábrea, Canutama, Apuí, Uarini, Tefé, São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos.
Alerta: Boca do Acre, Pauini, Humaitá, Manicoré, Novo Aripuanã, Guajará, Ipixuna, Eirunepé, Carauari, Juruá, Atalaia do Norte, Tabatinga, São Paulo de Olivença, Amaturá, Santo Antônio do Içá e Tonantins.

Mudança de rotas

estiagem no Amazonas fez a Marinha do Brasil restringir a navegação em alguns pontos críticos durante o período noturno. A restrição consta na Portaria Nº 158 da Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental (Cfaoc), publicada no dia 18 de agosto de 2023, no Diário Oficial da União (DOU).

O motivo, de acordo com a Marinha, é porque a seca nos rios provoca o surgimento de obstáculos para a navegação como pedras, troncos e bancos de areia. As embarcações que estejam com parâmetros aptos podem navegar normalmente no período noturno, mas é preciso ter atenção ao trafegar nos pontos críticos.

O documento reforça que a navegação deve acontecer no período diurno, quando a profundidade local, atingir em metros, o valor menor ou igual a 1,5 vezes o calado (medida da parte submersa do navio) e o texto, recomenda que a navegação seja realizada com velocidade mínima para manobra.

Veja os pontos críticos:
  • Passagem do Tabocal, que fica próximo ao município de Urucurituba, a 339 km de Manaus
  • Enseada (foz) do Rio Madeira, próximo a cidade de Itacoatiara
  • Enseada do Rio Purus com o Rio Solimões.
El Niño

O meteorologista Luiz Alves expôs, durante a conferência “Pré-seca: Análise e Prognóstico para 2023”, ainda em junho, que os Estados da Amazônia são os que mais sofrem com a estiagem, provocada pelo fenômeno climático El Niño, e que a incidência de chuvas em algumas regiões seria abaixo do normal nos meses de julho a setembro.

Boa parte da Amazônia vai apresentar chuvas abaixo do normal para esse trimestre. A estação seca deverá ser prolongada e vamos ter mais ocorrência de queimadas”, previu, na época, para a região que abrange os Estados do Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Tocantins, Roraima, Rondônia, Maranhão e Mato Grosso.

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Municípios do Sul do Amazonas registraram 1.401 focos de queimadas nos primeiros cinco dias de setembro. Foram quase 280 focos de calor por dia.

Em todo o Estado, só no início de setembro, já foram registradas 2.594 queimadas. Os focos no Sul do Amazonas equivalem a 54% desse total. No total de 2023, já foram registrados 10.405 focos de calor.