Exposição Mama Tuyuka, a ‘Mãe Terra’, tem entrada gratuita na Galeria Moacir Andrade, em Manaus

A exposição ficará em cartaz de 27 de maio a 29 de julho, na Galeria Moacir Andrade (Divulgação)

24 de maio de 2022

08:05

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – A exposição Mama Tuyuka, ou Mãe Terra para o povo Kokama, tem entrada gratuita na Galeria Moacir Andrade, no Sesc Amazonas, em Manaus. A iniciativa acontece de 27 de maio a 29 de julho deste ano e traz uma série de telas feitas pela artista plástica e grafiteira Chermie Ferreira, que realiza uma combinação de grafite com as artes plásticas. O evento conta com curadoria de Virna Lisi.

“O público encontrará, na exposição, uma nova linha de trabalho, com novas cores e uma nova paleta, que trata do céu de Manaus: a tonalidade de azul que vai estar nas obras, o vermelho, o laranja, o amarelo que simbolizam muito o nosso pôr do sol e o nascer do sol, nesse tom do laranja para o rosa”, destacou a grafiteira.

A exposição ficará em cartaz de 27 de maio a 29 de julho, na Galeria Moacir Andrade (Divulgação)

Apesar de ter carreira consolidada fora do Amazonas, com trabalhos em São Paulo, esta é a primeira exposição solo de Chermie Ferreira em Manaus, cidade onde nasceu. Os quadros da artista são de canvas, papel e madeira e marcados por traços expressionistas em pintura com grafite e acrílica.

“As obras que estarão na exposição são inéditas. Nunca ninguém viu. São obras exclusivas, únicas, feitas para a exposição. Foi um dos primeiros trabalhos que eu fiz em 2022 e o Mama Tuyuka abre a porta para a minha linha de trabalho tanto nas cores quanto nessa narrativa sobre mães”, frisou a artista.

Curadoria da exposição

À REVISTA CENARIUM, Virna Lisi contou que, diferentemente de outras exposições em que o artista possui um número grande de obras para a curadoria selecionar, Chermie produziu essa série exclusivamente para sua primeira exposição solo.

“A exposição Mama Tuyuka foi baseada em cima do conceito em que a artista dedica aos seus temas favoritos: temas femininos, indígenas e de cultura ribeirinha demonstrando a beleza, a força e sabedoria que existe nas mulheres do Norte em seu cotidiano, proporcionando uma série afetiva e intimista, porém forte e ancestral”, pontuou Virna Lisi.

“Para a sua primeira exposição, ela queria representar as mães indígenas, e essas mães em momentos de cura, de alimento, subsistência e proteção. E queria uma nova paleta de cores especialmente pensada e planejada para essa série, e a mistura de tintas criou texturas e profundidade incríveis, que as mães de Chermie saltam das telas”, frisou a Virna Lisi.

Virna Lisi destacou que pretende apresentar as obras da artista com as telas postas sem chassi ou moldura para prestígio do público, com as pontas desfiadas no algodão cru. “Este conceito traz uma forte mensagem de resistência e libertação dos cânones da arte acadêmica. Estar livre das molduras, dos limites e fronteiras, tem uma simbologia e possui um forte significado implícito se relacionarmos ainda com o contexto da artista, como mulher em busca de mais direitos e empoderamento social”, frisou a curadora da exposição.

“Como cientista social e curadora, trabalhei compreendendo o viés antropológico das orientações específicas da artista, que queria sair das convenções. Além de apresentar peças com novas texturas, resultado da combinação das tintas com spray, fui solicitada que as telas estivessem sem chassi ou moldura, a apresentação rústica, é uma expressão da própria artista”, salientou Virna Lisi.

De acordo com a curadora, essa simplicidade também representa uma conexão com as culturas ancestrais dos povos originários, que lutam para manter seus territórios para viverem suas tradições, seus rituais, seus modos de vida e sua sabedorias. “É uma exposição sutil, porém complexa”, comenta.