‘Filho da Amazônia’: artista amazonense comemora 20 anos de carreira com murais que reafirmam o orgulho da identidade local

A "Guardiã da Amazônia"(Reprodução/arquivo pessoal)

11 de maio de 2022

19:05

Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS – Com traços, cores e mensagens que reforçam contextos culturais, políticos e do cotidiano, artistas locais fazem de Manaus, aos poucos, uma cidade cada vez mais adepta da arte urbana. Seja nas fachadas de prédios, viadutos, empresas privadas, os muralistas perpetuam a arte e fazem história, como o artista amazonense Alessandro Hips que, em comemoração aos 20 anos de carreira, vai realizar o projeto “Filho da Amazônia”, com dois murais artísticos voltados para a reafirmação do orgulho da identidade local.

De acordo com o artista, a exposição de arte urbana terá dois murais de médio porte, um na capital amazonense e outro no interior do Estado, mais precisamente na cidade de São Gabriel da Cachoeira (850 quilômetros distante de Manaus), previstos para serem produzidos dias 14 e 27, respectivamente.

“Em Manaus escolhi a Avenida Constantino Nery, por ser um dos primeiros espaços que pintei no início da carreira e por ser nossa maior galeria a céu aberto da cidade. No caso de São Gabriel da Cachoeira, a escolha se dá por ter a maior população indígena do País e pela forte influência dos povos originários na minha produção artística”, explica.

Muralismo Amazônia Walls (Reprodução/Alessandro Hipz)

Turismo cultural de rua

Além da comemoração aos 20 anos de carreira, o artista também ressalta que o trabalho tem como intuito fortalecer o turismo local e incentivar a economia criativa, uma vez que as pinturas tornam-se pontos de visitação.

Os grandes centros urbanos viraram galerias a céu aberto e notamos que os lugares que recebem os murais artísticos tornaram-se pontos de visitação que fomentam o turismo cultural de rua, isso gera aos comércios do entorno desses locais fluxo de pessoas e com isso demandas para os mesmos. Como um exemplo, o beco do Batman, em SP, e o Mirante do Cura, em BH. Em Manaus, agora, também temos a guardiã da Amazônia, que também desenvolve esse papel para a praça de artesanato ao lado“, ressalta o artista.

Mudança de cenário artístico

Alessandro destaca que, com o passar dos anos, a arte de rua, antes vista com “maus olhos” pela maioria, hoje, passa a ter maior aceitação e admiração da sociedade. “Antes, um movimento tão marginalizado e pouco entendido, hoje, um grande atrativo turístico e de reflexão aos nossos dias atuais. A profissionalização da cena, dos artistas em si. Hoje, temos materiais exclusivos, criados para atender nossas demandas de produção artística“, celebra o profissional que tem como uma de suas inspirações o pintor italiano Caravaggio, por sua produção artística e modo de vida.

Afro-Ameríndia (Reprodução/Alessandro Hipz)

Com produções inspiradas na imagem da mulher amazônida, Alessandro busca representar de
forma poética as crenças populares e vivências dos seres dos moradores do norte do País. Exemplo disto, é a obra intitulada “Guardiã da Amazônia”, localizada no antigo Hotel Amazonas, Centro de Manaus. A pintura é, inclusive, uma das responsáveis por impulsionar o nome do artista que busca difundir a arte urbana amazonense para além do território amazônico.

Lugares como Belém, Porto Velho, Boa Vista, Recife, Salvador, Belo Horizonte e Rio de Janeiro são algumas das cidades do Brasil que também têm o trabalho registrado de Alessandro Hipz. “A arte urbana, em nosso Estado, a cada ano que passa, vem alcançando patamares antes nunca imaginados. Com as últimas grandes produções, o movimento artístico urbano, na capital amazonense, desponta como o maior expoente do norte do País e vem transformando Manaus em uma galeria a céu aberto. Podemos afirmar que a arte urbana manauara está percorrendo o caminho correto“, finaliza.