Gasolina cara: pesquisa da ANP mostra os reflexos do último aumento dos combustíveis nos Estados da Amazônia Legal

Abastecimento de combustível no posto de gasolina. (Pedro França/Agência Senado)

25 de junho de 2022

13:06

Eliziane Paiva – Da Agência Amazônia

MANAUS – Em levantamento histórico, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgou, na última terça-feira, 21, os preços dos combustíveis nos postos dos estados. A pesquisa, realizada entre os dias 12 e 18 de junho, foi publicada antes do último reajuste anunciado pela Petrobras e ainda não conta com o acréscimo de 5,18% para a gasolina.

De acordo com os números da ANP, dos nove estados da Amazônia Legal, o Amapá foi o único que apontou queda no preço médio do litro da gasolina comum e ficou em R$ 6,44, abaixo dos R$ 6,50 levantados em maio.

O preço médio da gasolina comum, no Amazonas, está por volta de R$ 7,30, de acordo com a tabela da Petrobrás, e o diesel a R$ 6,91, valores que já estão sendo cobrados nas bombas dos postos da capital. Já no interior, os preços podem ser ainda maiores, chegando a atingir R$ 7,98 em Itacoatiara, devido ao frete cobrado por litro.

Posto de combustível. (Roque de Sá/Agência Senado)

No Acre, o preço da gasolina varia de R$ 7,97, na capital, a R$ 10,15, no interior. Em Cruzeiro do Sul, segunda maior cidade do estado, o litro da gasolina estava, em média, R$ 7,97 e agora o produto é encontrado a R$ 8,16. O diesel, que estava a R$ 8,30 no município, subiu mais de 30 centavos e agora custa R$ 8,95 o litro.

Em Rondônia, a cidade com a gasolina mais barata é Porto Velho. O preço mínimo do litro custa R$ 6,48 e, o máximo, 7,39. O preço do litro da gasolina nos postos chegou a R$ 7,80 na semana passada. Já com o diesel, o maior valor encontrado foi de R$ 7,59.

Em Boa Vista, a gasolina antes vendida por R$ 7,21 chegou ao valor de venda de R$ 7,40 por litro. O diesel, que custava R$ 7,80, foi a R$ 8,04, alta que reflete o último reajuste anunciado pela Petrobras na sexta-feira, 17. No estado do Pará, a gasolina comum é encontrada nas bombas de combustíveis por volta de R$ 7,25 e pode chegar ao valor máximo de R$ 8,10.

Preço do combustível no Estado do Pará, de acordo com o site da Petrobras. (Reprodução)

No Tocantins, no caso da gasolina, o valor mínimo praticado está em torno de R$ 7,35, em relação ao álcool, o preço máximo apresentou uma pequena redução e agora o litro varia entre R$ 5,59 e R$ 6,49, e o diesel S-10 sai ainda mais caro, variando entre R$ 6,79 e R$ 7,89.

Ainda compondo os estados da Amazônia Legal, no Mato Grosso os preços médios aplicados são de R$ 6,95 chegando ao máximo de R$ 8,11 por litro da gasolina. E no Maranhão, sendo o oeste do estado parte integrante da região amazônica, o valor médio encontrado foi de R$ 7,17 a gasolina, e o diesel a R$ 8,17, de acordo com a agência.

Tabela de preços praticados nos Estados da Amazônia Legal de acordo com a ANP. (Isabelle Chaves / CENARIUM)

A alta dos combustíveis

Com o reajuste, sendo o décimo quarto em menos de dois anos, e o segundo anunciado no mês de junho, o preço médio de venda de gasolina da Petrobras para as distribuidoras passou de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro (alta de 5,18%). Já com o diesel, preço médio de venda da Petrobras para as distribuidoras passou de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro (alta de 14,26%).

Em entrevista à AGÊNCIA AMAZÔNIA, o coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Amazonas (Sindipetro-AM), Marcus Ribeiro, informou que vem denunciando há muito tempo que o verdadeiro responsável pelo aumento dos preços dos combustíveis é a atual política de preço aplicada pelo governo federal junto com a atual gestão da Petrobras, que “insiste em manter o Preço de Paridade de Importação (PPI)”, disse o representante da Sindipetro.

Abastecimento de combustível no posto de gasolina. (Pedro França/Agência Senado)

Ainda em suas palavras, “hoje o povo brasileiro compra a gasolina, o diesel e o gás de cozinha atrelado ao dólar, ao preço do dólar, sendo que o povo brasileiro ganha em real”, desabafou Marcus, ressaltando que “tem como ‘abrasileirar’ os preços dos combustíveis, basta suspender essa política de atrelação do preço do combustível ao mercado internacional”.

De acordo com o presidente do Conselho Regional de Economia do Amazonas (Corecon-AM), Marcus Evangelista, o problema do aumento de combustível não é só na questão de abastecer o carro. “Quando temos o aumento no diesel, isso afeta diretamente no valor do frete, ou seja, da nossa alimentação, pois praticamente tudo que nós consumimos no Amazonas vem de fora”, disse Marcus.

Imposto uniforme em todo o País

A Petrobras tem até a próxima sexta-feira, 1º de julho de 2022, para explicar quais os critérios usados pelos estados para reajustar o preço dos combustíveis e apresentar documentação completa. A decisão anterior ocorreu no mesmo dia em que a estatal anunciou um novo reajuste nos preços dos combustíveis.

A decisão do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que a Petrobras preste esclarecimentos sobre o aumento do diesel e da gasolina, e sobre a política de preços dos últimos 60 meses. “Diante da razoabilidade do pleito e do princípio da cooperação processual, defiro o prazo adicional solicitado até o dia 1º de julho de 2022”, disse Mendonça. A Petrobras, no entanto, se comprometeu a enviar, dentro do prazo inicial, “parte da documentação requisitada”.

A gasolina já subiu nas refinarias. Mendonça definiu ainda que as alíquotas de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos combustíveis devem ser uniformes em todo o país a partir de 1º de julho.

O ICMS é um imposto estadual, compõe o preço da maioria dos produtos vendidos no país e é responsável pela maior parte dos tributos arrecadados pelos estados. Vale ressaltar que o custo final dos preços dos combustíveis nas bombas depende de impostos e das margens de lucro de distribuidores e revendedores. E de acordo com a ANP, o preço médio da gasolina no país ficou em R$ 7,23 e o do diesel, em R$ 6,886.

Gráfico de preços praticados em todo o País de acordo com a ANP. (Isabelle Chaves / CENARIUM)