‘GCF Task Force’: em Manaus, governadores da Amazônia reafirmam compromisso com desenvolvimento sustentável

Assinatura de compromisso durante o "GCF Task Force (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

17 de março de 2022

20:03

Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – Além de lideranças de 10 países, a 12ª Reunião Anual da Força-Tarefa dos Governadores para o Clima e Florestas (GCF Task Force), que iniciou em Manaus (AM) nesta quinta-feira, 17, contou com a participação de governadores e representantes dos Estados que compõem a Amazônia brasileira. Durante a abertura do evento, o governador do Amapá, Waldez Góes, reiterou quais políticas o Estado vem implementando, que vise a preservação ambiental aliada com o desenvolvimento sustentável, respeitando as populações tradicionais.

“Apesar de a gente ter, basicamente, ‘um traço’ de desmatamento geral da Amazônia, isso não diminui o nosso compromisso. A gente lançou o plano da Economia Verde, estamos com projeto rotacionado à economia circular, para baixar emissões. E também assumimos o compromisso de zerar o desmatamento ilegal até 2030”, disse ele.

O representante amapaense ainda citou o Programa Pro-Extrativismo (PPE), um esquema de pagamentos aos pequenos produtores pela provisão de serviços ambientais baseados na floresta, implementado pelo Estado. O PPE foi lançado em setembro de 2012 e é considerado o programa pioneiro para implementar a economia verde no Amapá.

“Em regra, nós temos um problema e estamos todos mobilizados na força-tarefa. Não é só a Amazônia brasileira. Tem mais de 30 governadores de Estados e províncias, de mais de 10 países diferentes, comprometidos com a força-tarefa pelo clima. Obviamente que alcançar os objetivos é mitigar as emissões de carbono, mas tem que estar relacionado também com as oportunidades para as populações que preservam a floresta: os indígenas, quilombolas, populações extrativistas e ribeirinhos. O Amapá tem esse exemplo”, disse ele.

Além do governador do Amazonas, Wilson Lima, e de Waldez Góes, participaram da abertura do evento o governador do Acre, Gladson Cameli, o vice-governador do Mato Grosso, Otaviano Pivetta, governador de Yacutã, no México, Mauricio Vila Dosal, governador de San Martin, no Peru, Pedro Bogarin Vargas, entre outras autoridades mundiais.

“Precisamos estar unidos por um propósito e com esse mesmo propósito olhar para as pessoas e gerarmos emprego com a sustentabilidade. Vim reiterar meu apoio olhando para os povos indígenas, para as famílias, para quem precisa de emprego. Mas nós não tiramos daqui o nosso compromisso: respeitar os povos da floresta. Estou aqui reafirmando e continuando com as nossas políticas”, pontuou o governador do Acre.

Assinatura de compromissos

Na abertura do evento, que segue até sexta-feira, 18, também foi assinado o Plano de Ação de Manaus, um documento norteador das próximas ações da força-tarefa, tanto conjuntas como a nível local. O documento coloca como prioridade, na agenda do GCF, de forma inédita, o combate à pobreza, que ainda prevalece em áreas de florestas tropicais.

A proposta é que os Estados-membros da força-tarefa possam ter, no Manaus Action Plan, um mecanismo para angariar financiamentos no intuito de desenvolver estratégias ambientais com foco no fortalecimento de populações tradicionais e na redução de desigualdades sociais dos povos da floresta.

Além do MAP, o governador Wilson Lima também assinou um Memorando de Entendimento (MOU, sigla em inglês para memorandum of understanding) entre os membros da Amazônia Brasileira do GCF e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). A parceria visa, sobretudo, apoiar programas e projetos de interesse mútuo, com foco na conservação da biodiversidade amazônica, no uso sustentável dos recursos naturais e no desenvolvimento de parcerias com empresas do setor privado, conforme disponibilidade de recursos humanos e financeiros.

Ciência, tecnologia e inovação

O governador do Amazonas também lançou a iniciativa “Amazônia +10”, uma parceria desenhada no âmbito do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) e Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de CT&I (Consecti) para promover a ciência, a tecnologia e a inovação na região da Amazônia.

O fundo envolve todas as Fundações de Amparo à Pesquisa (FAP’s) do Brasil, contando com um recurso inicial de R$ 100 milhões. A meta a ser alcançada é de um financiamento de R$ 500 milhões, por meio de parcerias com fundações estaduais de pesquisa, governos, setor privado e organizações internacionais para o desenvolvimento de projetos para Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) na região da Amazônia Legal.