Guerra entre Rússia e Ucrânia e os reflexos na Zona Franca de Manaus

Crise na Europa; especialistas comentam impacto na zona Franca de Manaus. Foto: Divulgação

24 de fevereiro de 2022

21:02

Malu Dacio – Da Revista Cenarium

MANAUS – As intimidações por parte do presidente Russo Wladimir Putin à Ucrânia saíram do teor de ameaças e se transformaram em um conflito bélico, em vias de fato, no Leste Europeu. Os impactos já são vistos em todo o mundo e no Brasil não seria diferente.

Especialistas procurados pela REVISTA CENARIUM apontaram consequências para o setor econômico do Estado, em especial para a Zona Franca de Manaus. Marcus Evangelista, economista e presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-AM) explica que o modelo ZFM importa diversos insumos e a guerra pode afetar a oferta dos componentes.

“O modelo (ZFM) importa diversos insumos. Se a guerra demorar para ser finalizada grandes potências podem se envolver e pode afetar a oferta dos componentes. Isso afetaria diretamente os produtos que dependem dessas peças para a sua fabricação”, conceitua Marcus.

O primeiro prejuízo, para o especialista, é a questão do petróleo. De acordo com o economista, o Amazonas é muito dependente do frete e, praticamente, tudo que é consumido aqui não é oriundo da produção local e chega por balsas ou avião.

“Como a Rússia é um grande produtor de petróleo e derivados, a guerra irá afetar a cotação do petróleo que deve subir, influenciando diretamente a Petrobras que deve ajustar os preços para mais, e subirá o custo do frete que, consequentemente afetará os preços de diversos produtos de consumo que vêm para o Amazonas. E isso deve ocorrer em curto prazo”, salientou Evangelista.

O petróleo já ultrapassou a barreira dos US$ 100 dólares e segundo Marcus, no mercado, há rumores que pode subir para até US$ 150 dólares em um curto prazo. O aumento dos preços dos combustíveis está diretamente ligado ao aumento da inflação.

O especialista explica também que não há opções para ‘escapar’ desses aumentos. “Como somos isolados, geograficamente, não nos resta outra alternativa a não ser se ajustar aos novos preços”, disse.

‘Que a diplomacia vença’

O vice-presidente da Federação das Indústrias do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo, assentiu as falas do presidente do Corecon-AM, Marcus Evangelista e defendeu que as indústrias da Zona Franca de Manaus sentem o impacto da alta dos preços do petróleo.

“Como sabemos, o petróleo tem uma participação importante na matriz energética da economia e na produção de componentes para a indústria em geral. A elevação do preço desse item pressionará a alta dos preços e a inflação”, afirmou Azevedo.

“As indústrias da ZFM sentem a alta dos preços do petróleo na logística e na aquisição de componentes, que cada vez mais utilizam matérias primas provenientes de derivados desse produto”, defendeu Nelson.

Ao final, o representante da Fieam torceu por melhores momentos e a resolução dos conflitos. “Que a diplomacia seja a vencedora nesse conflito que traz tantos malefícios para todos os países, mesmo aos que estão distantes daquela região”, finaliza.