Ibama aplicou mais de R$ 10 mi de multa em um mês de operação contra garimpo na Terra Yanomami

Caminhão queimado em operação do Ibama (Divulgação/Ibama)

08 de março de 2023

21:03

Gabriel Abreu – Da Agência Amazônia

MANAUS – A pedido da REVISTA CENARIUM, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) divulgou nesta quarta-feira, 8, resultado parcial da Operação Xapiri, deflagrada pelo órgão em parceria com a Polícia Federal (PF), para combater o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami (TIY).

O balanço divulgado mostra que já foram aplicados mais de R$ 10 milhões em multa, além da apreensão de 19.210 quilos de cassiterita, 570 gramas de ouro, 3.439 gramas de mercúrio, entre outros materiais apreendidos ou destruídos pelos agentes. O total de 108 acampamentos onde ficavam os garimpeiros foram desarticulados.

No dia 6 de fevereiro, um helicóptero, um avião, um trator de esteira e estruturas de apoio logístico ao garimpo foram destruídos. Foram apreendidos também duas armas e três barcos com cerca de 5 mil litros de combustível.

Balanço da operação realizada pelo Ibama (Reprodução)

A ação é realizada de forma aérea pelo Grupo Especializado de Fiscalização (GEF) do Ibama, que monitora pistas de pouso clandestinas na região. Sobrevoos para identificar e destruir a infraestrutura do garimpo, como aviões, helicópteros, motores e instalações, serão mantidos. O trator destruído era usado para abrir “ramais” na floresta.

Agentes destruíram aeronaves e estrutura logística do garimpo. Base de controle foi instalada no Rio Uraricoera (Divulgação/Ibama)

O avanço do garimpo, estimulado pelo último governo, resultou em uma crise humanitária na terra indígena. A PF investiga o crime de genocídio contra os Yanomami. O Ibama também fiscaliza distribuidoras e revendedoras responsáveis pelo comércio irregular de combustível de aviação que abastece os garimpos.

O objetivo principal da operação é inviabilizar linhas de suprimento e rotas que abastecem e escoam a produção do garimpo, além de garantir a permanência das equipes de fiscalização por prazo indeterminado.

Balanço FAB

O Comando Operacional Conjunto Amazônia (Cmdo Op Cj Amz), sob o comando do major-brigadeiro do Ar Raimundo Nogueira Lopes Neto, completou 30 dias de Comando Conjunto, reforçando as ações de enfrentamento de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional e de combate ao garimpo ilegal no Território Yanomami, em Boa Vista (RR).

O comandante, major-brigadeiro do Ar Nogueira, fez um balanço do trabalho desenvolvido em conjunto entre as Forças Armadas e o governo federal, na região Yanomami, nesses 30 dias.

“Temos vários resultados. Além de todo esse suporte, já transportamos mais de 400 toneladas de insumos para a região Yanomami, entre mantimentos, medicamentos e materiais para atendimento aos indígenas; voamos mais de 1.200 horas. É uma satisfação muito grande chegarmos a esses números, com zero acidente, zero incidente e com a participação interagências. A participação de diversos órgãos governamentais tem feito com que o nosso trabalho gere uma sinergia muito grande, e a gente só tem a comemorar com isso”, destacou.

Ajuda humanitária chegando por meio de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) (Reprodução)

Hospital de Campanha

O Hospital de Campanha (HCAMP) da Força Aérea Brasileira (FAB) chegou a 1.687 atendimentos a indígenas, desde o início da sua inauguração em Boa Vista, na Casa de Saúde Indígena (Casai).

Segundo o comandante do HCAMP, major médico Felipe Figueiredo, a saúde dos indígenas tem evoluído de forma satisfatória, sem registros maiores de transferências para hospitais da capital. “De lá para cá, o que a gente vem percebendo, realmente, é a diminuição nos atendimentos. Esse trabalho, em conjunto com os Médicos Sem Fronteiras, Fundo das Nações Unidas para a Infância e a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), tem conseguido dar uma estabilizada”, destacou o militar.

Criança Yanomami caminhando em frente ao Hospital de Campanha (Ricardo Oliveira/REVISTA CENARIUM)

O vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, Dário Vitório Kopenawa Yanomami, que atua há 18 anos como representante de defesa de 30 mil Yanomami, sendo 363 aldeias, dos Estados de Roraima e Amazonas, parabenizou o trabalho realizado pelo Comando Operacional Conjunto Amazônia.

“É muito importante, neste momento que estamos vivendo uma crise sanitária. Tantos aviões, tantas cestas básicas. Não tínhamos essa experiência. É a primeira vez que a gente está avaliando a questão de logística e a colaboração de solidariedade com o povo Yanomami”, relatou.