Ibama flagra mais de 400 dragas de garimpo ilegal no Rio Madeira, em RO

O flagrante aconteceu durante um sobrevoo feito pelas equipes, no último fim de semana (Ibama/Reprodução)

15 de agosto de 2023

21:08

Iury Lima – Da Agêcia Cenarium Amazônia

VILHENA (RO) – Mais de 400 dragas de garimpo ilegal foram flagradas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) navegando pela região de Porto Velho e o distrito de Nazaré, no rio Madeira, em Rondônia

O flagrante aconteceu durante um sobrevoo feito pelas equipes, no último fim de semana, segundo o instituto. O Ibama estima que, com a movimentação do garimpo, cerca de 100 quilos de mercúrio sejam despejados nas águas do rio, durante o mês de agosto. 

Ibama flagra balsas de garimpo no Rio Madeira, em Rondônia (Ibama/Reprodução)
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Nova fiscalização feita pelo Instituto na última segunda-feira, 14, apontou uma diminuição no número de embarcações irregulares. Sem especificar quantas dragas ainda seguem o curso do Madeira, o órgão informou apenas que “o quantitativo ainda é preocupante”

Ainda segundo o Ibama, ações em conjunto com a Polícia Federal (PF) serão realizadas para coibir o avanço da atividade ilegal, na região. Procurada pela AGÊNCIA CENARIUM AMAZÔNIA, a PF não comentou o caso.

História que se repete

A invasão de dragas de garimpo ilegal no rio Madeira é um ataque constante à região amazônica. Há quase um ano, em outubro de 2022, a Polícia Federal explodiu 121 embarcações do mesmo tipo, entre Rondônia e o Amazonas, em uma ação que durou três dias.

A ofensiva foi em resposta a atuação de organizações criminosas, como classificou a PF, que lucram com prejuízos ambientais como a mineração ilegal. Além da poluição, a polícia destacou, a época, que a atividade das balsas clandestinas, que atuam sugando o fundo do rio em busca de ouro, pode modificar o curso natural do afluente, destruir a vegetação ribeirinha e interromper canais de água.

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Polícia explodiu mais de 100 dragas de garimpo durante operação entre Rondônia e Amazonas (Reprodução/Redes sociais)

Em outro caso, em novembro de 2021, uma invasão de 300 balsas garimpeiras levou pânico a moradores da comunidade de Rosarinho, na região de Autazes e Nova Olinda, a pouco mais de 100 quilômetros de Manaus. Todas sem licença ambiental para mineração, chegaram a bloquear quase totalmente um trecho do rio Madeira.

Registro da invasão de dragas de garimpo no rio Madeira, no Amazonas, em 2021 (Foto: Divulgação)

Riqueza ilícita

Estudo publicado em junho deste ano, pelo Instituto Escolhas, revelou que cada balsa de garimpo, especialmente as maiores, fatura mais de R$ 1 milhão por mês extraindo ouro das profundezas dos rios amazônicos, obtendo lucro superior a R$ 600 mil. 

De acordo com o levantamento, só o investimento para começar uma operação de garimpo com balsa na Amazônia, passa de R$ 3 milhões. 

Tabela com volume mensal de balsas de garimpo (Reprodução/Instituto Escolhas)

O estudo também calculou o investimento para garimpos terrestres, feitos em áreas próximas ao leito dos rios. Nessa modalidade, o investimento gira em torno de R$ 1,3 milhão. Já a receita, passa dos R$ 900 mil ao mês. 

Além disso, todo o bioma amazônico já tem quase 180 mil hectares explorados pela mineração, de acordo com o MapBiomas. A maior parte disso, mais de 150 mil hectares, só no garimpo de ouro. 

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