‘Imagina eu chegar lá para ser interrogado por um cara investigado pela Lava Jato, delatado pela JBS’, diz governador do AM sobre CPI

Wilson Lima se pronuncia sobre CPI e operação da PF (Secom/Reprodução)

04 de junho de 2021

13:06

MANAUS – O governador do Amazonas, Wilson Lima, fez uma avaliação do cenário obscuro envolvendo “caciques” políticos com interesses eleitorais na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, durante a live semanal nesta quinta-feira, 3.

Ele e outros oito governadores foram convocados pela CPI e recorrem no Supremo Tribunal Federal (STF). A declaração de Lima veio um dia após a quarta fase da operação Sangria, que investiga sobrepreços na Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM).

“Imagina eu chegar lá para ser interrogado por um cara investigado pela Lava Jato, delatado pela JBS e tantos outros processos, para me atacar? E aí eu pergunto: qual foi a contribuição que essa pessoa deu, que esse senador deu para salvar vidas no Amazonas? A CPI é importante para esclarecer fatos e apontar caminhos para continuarmos superando a pandemia”, observou o governador do Amazonas.

Na live, Lima explicou que há uma ação dos governadores no Supremo Tribunal Federal que ainda será decidida sobre a legalidade que a comissão tem em convocar governadores. “Levando em consideração o princípio da independência dos Poderes. E isso é importante ser levado em consideração”, disse ele.

Além disso, Wilson Lima declarou que é preciso analisar a situação da CPI da Pandemia de forma política. “É preciso analisar o contexto político, o pano de fundo dessa situação. Tem gente do Amazonas que quer inaugurar o processo eleitoral de 2022 na CPI. Tem gente que quer que eu vá na CPI para me atacar”, comentou ele.

Lima salientou, ainda, que membros da Comissão Parlamentar de Inquéritos estão envolvidos em escândalos nacionais e que a comissão deve focar em esclarecer fatos e quais caminhos tomar para solucionar problemas. Os comentários do governador do Amazonas não apontaram nomes.

Hoje, o senador Eduardo Braga (MDB/AM) é o natural adversário político de Wilson Lima para as eleições ao Governo do Amazonas no ano que vem. Em 2017, o diretor do frigorífico JBS Ricardo Saud afirmou à Procuradoria-Geral da República que pagou R$ 35 milhões em propina a cinco atuais e ex-senadores do PMDB, entre eles Eduardo Braga, para garantir o apoio de todo o partido à reeleição de Dilma Rousseff nas eleições de 2014.

No mesmo ano, Braga foi acusado de receber R$ 1 milhão em pagamentos indevidos da Odebrecht quando era governador do Amazonas, segundo inquérito autorizado pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal. De acordo com o delator Arnaldo Cumplido de Souza e Silva, o acordo entre a empresa e o governador era relacionado à construção da ponte do rio Negro.

Operação Sangria

Sobre a operação ‘Sangria’, realizada no Estado Amazonas, Wilson Lima destacou que está tranquilo e que não há provas contra ele. “Não há provas de que eu cometi qualquer ato de ilegalidade. Não há nenhuma prova contra mim de que eu tive qualquer tipo de benefício. Acredito no trabalho da Justiça e que, ao término do processo, a verdade irá prevalecer. E continuo à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos. Assim também como todo meu secretariado”, disse.

‘Auxílio Enchente’

Ainda na live desta quinta-feira, 3, o governador adiantou que lançará, na próxima semana, o ‘Auxílio Enchente’ no valor de R$ 300 que irá beneficiar moradores de Manaus em situação de vulnerabilidade por conta da cheia do rio Negro que, neste ano, atingiu sua marca histórica.

“É um valor que elas podem usar para comprar cesta básica, remédio, produtos de limpeza, de higiene pessoal, aquilo que ela estiver mais precisando no momento. Da mesma forma que nós estamos trabalhando no interior”, falou.

Ele confirmou, também, que deve continuar a cumprir sua agenda no interior do Estado e deve visitar, ainda no mês de junho, Nhamundá e Itacoatiara que também sofreram com a cheia.