Indicadores de incertezas: ‘um ano difícil na busca da recuperação econômica’, diz especialista

Com o resultado, o indicador ainda está 7,2 pontos acima do nível de fevereiro de 2020 (Reprodução/Internet)

02 de fevereiro de 2022

17:02

Priscilla Peixoto — Da Revista Cenarium

MANAUS — O que faz o brasileiro diante de um quadro de incertezas? Na última segunda-feira, 31, a economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Anna Carolina Gouveia afirmou que embora os recentes recuos no Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) tenha apontado uma estabilidade, em janeiro, ao variar -0,2 ponto para 122,1 pontos, o País ainda está longe do nível pré-pandemia, quando chegava aos 115 pontos.

De acordo com Gouveia, as dúvidas que levam a uma realidade oposta vivida em janeiro são basicamente o cenário político e a pandemia. “A ligeira queda do IIE-Br foi motivada inteiramente pela redução da dispersão nas previsões de especialistas para variáveis econômicas brasileiras. Caminhando em sentido oposto, o componente de mídia registrou alta, influenciado por ruídos, como o avanço da nova variante do coronavírus no País e da inflação. Para os próximos meses, o Indicador de Incerteza deverá permanecer em patamar elevado, dado o cenário econômico e sanitário”, afirmou Anna Carolina, em nota publicada no site oficial da FGV.

Para a economista e consultora de empresas Denise Kassama, a sensação de incertezas geram impactos negativos na vida das pessoas, empresas e nas famílias. Em situações deste tipo, ela ressalta que normalmente há uma retração no consumo e planos. “É o momento que se repensa os planos de trocar de carro, comprar imóvel ou trocar a geladeira. Essa retração desmotiva a indústria, que passa produzir menos e a gerar menos empregos. Reduz o investimento e a economia não cresce” explica a economista.

Em situações deste tipo, normalmente, há uma retração no consumo e planos (Reprodução/ Internet)

Segundo a FVG, de certo modo, o futuro do indicador depende dos fatores relacionados à Covid-19 aliado ao período das eleições, época em que há inquietação no cenário político, o que afeta a atividade econômica. Além disso, Denise Kassama alerta que a ausência de políticas públicas efetivas para seu combate contribuem para que o indicador de incertezas continue em patamares altos.

“Pelo cenário apresentado, entendemos que o ano de 2022 será um ano difícil na busca da recuperação econômica. Aos poucos, com a pandemia sendo controlado, a inconstância se torna um pouco menor” conta a profissional, que questiona.

“O indicador da incerteza também pode influenciar negativamente na atração de investimentos externos, como é o caso da Zona Franca de Manaus, afinal, quem tem segurança em investir neste cenário de alto grau de incertezas?”, indaga.