‘Jovens precisam estar nos espaços de tomada de decisão’, diz única brasileira selecionada para curso da ONU

Segundo a pesquisa, quase 70% dos menores de 18 anos disseram que a mudança climática é uma emergência global (Reprodução/Internet)

12 de abril de 2021

07:04

Matheus Pereira

A estudante Fernanda Mendes Sartori, de 27 anos, foi, por enquanto, a única brasileira selecionada entre mais de 3 mil inscritos para compor um grupo de 75 jovens ao redor do mundo que participarão de um curso promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em entrevista à CENARIUM, Fernanda afirmou que jovens precisam e têm de estar nos espaços de tomada de decisão e é necessário que as pessoas mais velhas entendam isso e os ouça.

“Nos foi entregue um futuro desmatado, poluído, superaquecido e nós tivemos que olhar para isso e pensar: ‘não é nesse local, dessa maneira que quero ter minha vida. Nós temos um papel importante de mostrar muita coragem, de mostrar alternativas criativas, que às vezes quando as pessoas viram adultas não conseguem sair do automático. Os jovens vêm para tirar essa galera desse automático, e mostrar outras possibilidades de um mundo melhor”, declarou.

Para poder conseguir custear o valor do curso, que é de $ 450 (pouco mais de R$ 2.556 na cotação atual), a brasileira criou uma vaquinha virtual para arrecadar doações. Voltado para a liderança jovem e desenvolvimento de habilidades e competências necessárias para resolver os objetivos globais até o ano de 2030, o curso terá duração de três meses. Fernanda afirma estar muito aberta às possibilidades oferecidas pelo curso e espera poder conseguir contatos ao redor do mundo, entender as realidades de outros lugares e mostrar também as realidades do Brasil.

A estudante revela, ainda, que considerou o processo de inscrição tranquilo e importante para seu autoconhecimento. “Logo que divulgaram as inscrições, eu já me inscrevi. Tirei um dia para responder às perguntas com calma, porque eu acho que sempre que a gente responde esse tipo de processo é um momento de autoconhecimento, então para mim foi desafiador todo o processo, mas muito gostoso porque a gente se conhece e consegue ter olhares sobre nós mesmos que é muito enriquecedor”, declarou.

Fernanda é envolvida em projetos que abordam mudanças e emergências climáticas já há alguns anos. “Sou uma das produtoras do podcast Pimenta pra Jovem é Refresco da ONG Engajamundo. Faço parte do movimento Liberte o Futuro, onde com algumas amigas criamos o projeto Plante Histórias”, declarou a ativista, que também é embaixadora dos projetos Arbo e Folhas que Salvam.

Estudante de 27 anos foi a única brasileira selecionada entre mais de três mil inscritos (Reprodução/Arquivo pessoal)

Programa de Delegados da Juventude

O curso que Fernanda participará faz parte do Programa de Delegados da Juventude, coordenado pela Divisão de Desenvolvimento Social Inclusivo do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (Desa, em inglês).

O programa utiliza a inclusão de delegados jovens na delegação oficial de um País na Assembleia Geral das Nações Unidas e em várias comissões funcionais do Conselho Econômico e Social como uma forma de participação de jovens nas Nações Unidas. A responsabilidade de estabelecer um programa de delegados para jovens a nível nacional e decidir quem representará os jovens de seu País nas Nações Unidas é responsabilidade dos Estados-Membros.

Comprometimento dos jovens

De acordo com a pesquisa Voto Climático dos Povos, realizada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento junto à Universidade de Oxford e a uma série de Organizações Não Governamentais (ONGs), e que ouviu 1,2 milhão de entrevistados, os jovens (menores de 18 anos) são mais propensos a acreditar que a mudança climática é uma emergência global do que outras faixas etárias, mas uma maioria substancial das pessoas mais velhas ainda concordou com eles.

Segundo a pesquisa, quase 70% dos menores de 18 anos disseram que a mudança climática é uma emergência global, em comparação com 65% na faixa etária de 18 a 35 anos, 66% na faixa de 36 a 59 anos e 58% na faixa etária acima de 60 anos.

Edição: Alessandra Leite