Mais de 400 indígenas Yanomami estão acampados em área de mata sem combustível para retornar às aldeias no AM

Indígenas estão acampados em área de mata próxima à cidade de Barcelos (Reprodução)

20 de outubro de 2022

14:10

Gabriel Abreu – Da Agência Amazônia

MANAUS – A Associação de Assessoria aos Povos da Floresta (Aflora) encaminhou um ofício nesta quarta-feira, 19, ao Ministério Público Federal do Amazonas (MPF-AM) pedindo apoio para que mais de 400 indígenas Yanomami consigam retornar às suas aldeias. Os indígenas estão acampados em área de mata e outros estão acampados em frente à Funai de Barcelos (distante 401 quilômetros de Manaus). Eles saíram para votar nas eleições do 1° turno, mas por causa da falta de combustível não conseguiram voltar para casa.

A Aflora solicita abrigo imediato, alimentação adequada e combustível para o transporte dos indígenas às suas respectivas aldeias, de três comunidades às margens dos rios Demeni, Padauiri e Aracá. A principal reclamação desses indígenas é a não instalação de seções eleitorais nas aldeias, uma vez que essa situação de descaso também ocorreu durante as eleições municipais de 2020.

Local onde os indígenas estão acampados (Reprodução)

“Esses indígenas, porém, ficaram sem meios para o retorno às suas respectivas aldeias após o pleito, e recebemos filmagens comprovando que até o atual momento cerca de 400 Yanomami estão alocados de maneira precária no município, sem acesso à alimentação, segurança e assistência de qualquer esfera por parte das autoridades municipais e estaduais, além de não terem recebido até o momento qualquer resposta quanto à previsão para a chegada das providências necessárias para o retorno”, afirmou no documento.

O coordenador-geral da Alflora, Silvio Cavuscens, protocolou no MPF que os indígenas estão sem condições de voltar para as aldeias por falta de combustível. A principal reclamação desses indígenas é a não instalação de seções eleitorais nas aldeias, algo que se repete desde o ano de 2020.

“Vale ressaltar a reincidência dessa situação, que vem acontecendo desde as eleições municipais de 2020.
Solicitamos a ação do Ministério Público Federal, nesse caso, requerendo, junto aos órgãos municipais e estaduais, providência de abrigo imediato, assim como alimentação para os indígenas e combustível para o transporte às suas respectivas aldeias, dando a eles condições humanizadas para poderem exercer o direito constitucional ao sufrágio universal, como assegura o artigo 14 da Constituição Federal de 1988″, finaliza o documento.

Procurado, o Ministério Público Federal (MPF) não havia se manifestado até a publicação da matéria. A reportagem procurou a Fundação Nacional do Índio (Funai), mas não se pronunciou.

Veja a íntegra do ofício: