Movimento ‘Garimpo é Legal’ denuncia Ibama por violação de direitos humanos em Terras Yanomami

Polícia Federal e Ibama realizam incursão em terras indígenas (Reprodução/ PF)

14 de fevereiro de 2023

20:02

Ívina Garcia – Da Agência Amazônia

MANAUS – O movimento extrativista “Garimpo é Legal” apresentou denúncia na segunda-feira, 13, contra o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por violação de direitos humanos de garimpeiros na Terra Indígena Yanomami (TIY). Segundo o porta-voz e coordenador do movimento, Jailson Mesquita, o Ibama estaria agindo de forma truculenta na abordagem dos garimpeiros que tentam sair voluntariamente da TIY.

A denúncia foi apresentada ao Ministério Público Federal (MPF) e pede que as ações do órgão sejam supervisionadas. O Ibama compõe o grupo de apoio do governo federal que tem feito contínuas ações contra o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami.

Além dele, agentes da Polícia Federal (PF), Exército, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e outras forças de segurança atuam nas operações, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretar emergência de saúde pública em Roraima.

Agentes destruíram aeronaves e estrutura logística do garimpo; base de controle foi instalada no Rio Uraricoera (Divulgação/Ibama)

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Direitos Humanos

Com o bloqueio do espaço aéreo, a evasão de garimpeiros pela mata e pelos rios se intensificou. Equipamentos como dragas, aviões e albergues foram destruídos por agentes federais, como uma ação para impedir que o garimpo ilegal retorne ao local.

“A população que hoje trabalha no garimpo foi mobilizada para que se retirasse de forma voluntária do local, e lamentavelmente nós já estamos acumulando aqui uma sequência de denúncias gravíssimas, dentre elas, principalmente, violação de direitos humanos”, disse o porta-voz e coordenador do movimento em vídeo publicado nas redes sociais do movimento.

Veja vídeo:

Vídeo mostra motor de garimpeiros destruído. Ação teria sido praticada por agentes do Ibama (Reprodução)

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Conforme Jailson, há relatos de agentes do gênero masculino revistando mulheres, além de apreensão de celulares, destruição de barcos e outros. “Estão impedindo que as canoas façam o resgate dessas pessoas, já que para uma canoa subir para o destino leva cerca de uma semana, utilizando 30 ‘carotes’ de combustível, mais o alimento, porque é uma viagem de sete dias e isso está sendo impedido”, explica.

“Já tivemos mortes, já tivemos canoas afundadas e são várias denúncias que protocolamos no MPF. Estamos acompanhando e não vamos permitir abusos. Estamos aqui para nos posicionar firmemente com relação a isso, porque entendemos que o direito tem que prevalecer acima das ideologias que o pessoal do Ibama querem implantar”, afirma Jailson.

A reportagem da Revista Cenarium solicitou nota do Ibama a respeito das denúncias, mas até o fechamento dessa matéria não recebeu reposta.

Veja vídeo:

Canoa utilizada por garimpeiros é incendiada (Reprodução)