‘Não somos meros coadjuvantes’, desabafam Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá na briga pelo nome Legião Urbana

Dado, Renato e Bonfá. Legião Urbana é considerada a maior banda de rock do Brasil. Seus álbuns estão entre os mais vendidos do catálogo da extinta gravadora EMI (Reprodução/Internet)

27 de março de 2021

21:03

Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – A briga pelo uso do nome e da marca “Legião Urbana” entre os integrantes remanescentes do trio de rock brasileiro contra Giuliano Manfredini, filho do vocalista da banda, Renato Russo, morto em 1996, chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). O guitarrista Dado Villa-Lobos e o baterista Marcelo Bonfá disputam com Giuliano o direito de usar o nome e outras questões relativas ao espólio da banda.

Líder carismático e letrista de mão cheia, Renato Russo era a alma e a voz da banda brasiliense Legião Urbana (Reprodução/Internet)

A Justiça deve bater o martelo sobre o direito reivindicado por Dado Villa-Lobos e Renato Bonfá de usar as músicas e a marca Legião Urbana em shows e outros eventos. “Quando fundamos a Legião Urbana há 38 anos, nunca imaginamos que, em algum momento, precisaríamos assegurar o direito de usar o nome que escolhemos para batizar a nossa banda”, declararam em nota Dado e Bonfá.

Ainda de acordo com os remanescentes da banda, tudo mudou após a morte de Renato Russo. “Curiosamente, lá se vão quase 25 anos desde que começou nossa saga para provar que, mais do que meros coadjuvantes, como parece que querem nos impor, somos criadores, idealizadores, partes indissociáveis dessa história que o Brasil conheceu e adotou como uma das principais bandas já existentes em seu cenário musical”, lamentaram.

Fãs em Manaus

No auge do sucesso no final dos anos 1980/1990, a Legião Urbana fez dois shows em Manaus. Garoto à época, o baterista Marcos Moura relembra. “Eu era garoto, foi um burburinho. Todos queriam ir ao show da Legião que aconteceu em um clube do bairro Cachoeirinha”, recordou o músico.

Primeiro álbum da banda, o homônimo ‘Legião Urbana’ foi lançado em 1985 e as comemorações por seus 30 anos foram alvo de contestação na Justiça (Reprodução/Internet)

Para ele, a briga entre o herdeiro de Renato e os músicos fundadores da banda não faz sentido. “Estive no show que comemorou os 30 anos do primeiro álbum da Legião Urbana, com o Dado, o Bonfá e um convidado no vocal, foi fantástico, porque eles são a Legião, mesmo sem o Renato Russo. Querer tirar isso deles é uma injustiça”, criticou marcos Moura.

Outro músico e fã, é o baixista Denny Nogueira. Ele também concorda que a briga do filho de Renato não cabe. “A banda Legião Urbana era o Renato, o Dado e o Bonfá. Eles criaram a banda quando esse garoto sequer era nascido, querer tirar dos músicos remanescentes o direito de usufruir sobre sua criação é algo que só a luta por dinheiro pode explicar”, observou.

Público e notório

Os dois ainda sustentam os argumentos amparados na história do trio.Nunca debatemos a quem pertencia a nossa banda, pois sempre foi público e notório que o Legião Urbana era de Renato, Dado e Bonfá. Nas palavras do próprio Renato, a banda era da banda e não existiria sem um de nós. O nome virou sobrenome de cada um e até hoje somos o Dado e o Bonfá da Legião. A Legião é nossa vida, é parte de nós”, concluiu.

Em outubro de 2014, uma sentença da Justiça foi proferida em a favor de Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá. A decisão determinou que a empresa Legião Urbana Produções Ltda., administrada pelo herdeiro de Renato, “se abstenha de impedir que os autores façam uso da marca Legião Urbana” no exercício de sua atividade profissional sob multa de R$ 50 mil incidente sobre cada ato de descumprimento da presente decisão.

Renato Russo (a dir.) e demais integrantes da banda ‘Aborto Elétrico’, em Brasília, no início dos anos 1980. O aborto deu origem à Legião Urbana (Reprodução/Internet)

Com recurso impetrado por Renato Manfredini, da Legião Urbana Produções Ltda., a batalha judicial continuou e agora está nas mãos da alta corte do STJ decidir sobre o uso do nome e de direitos sobre criação e a produção artística da banda Legião Urbana. Cabe informar que os direitos autorais das obras compostas exclusivamente para o Renato Russo não faz parte da luta judicial travada por Manfredini, Dado e Bonfá.