No AM, morte do garoto durante operação policial foi causada por arma de fogo, diz laudo

Gabriel foi atingido durante um tiroteio de uma ação policial (Jander Souza/Cenarium)

30 de julho de 2021

17:07

Priscilla Peixoto – Da Cenarium

MANAUS – O Instituto Médico Legal (IML) confirmou previamente nesta sexta-feira, 30, que a morte do adolescente Gabriel Lima dos Santos, de 12 anos, morto na quarta-feira, 28, após uma operação policial no Distrito do Cacau Pirera, no município de Iranduba, distante a 17 quilômetros da capital amazonense, foi causada por dois disparos de arma de fogo. Segundo o documento, o jovem teve “anemia hemorrágica aguda, traumatismo torácico e agressão por arma de fogo”.

No laudo do instituto, um dos disparos atingiu o peito de Gabriel, atravessando a costa da vítima, além de um outro disparo que atingiu uma das pernas do garoto, que teria falecido por volta das 13h30. Uma investigação, por meio de laudo de comparação balística, também será realizada para saber qual arma usada foi utilizada nos disparos.

A despedida de Gabriel foi marcada por revolta e comoção de amigos e familiares (Reprodução/ Revista Cenarium)

Segundo fontes policiais, o documento completo do IML vai levar alguns dias para ficar pronto. Enquanto o resultado final não é apresentado, os familiares de Gabriel vivem o luto, revolta e comoção, além de pedidos de justiça após o enterro que aconteceu na manhã dessa quinta-feira, 29.

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Entenda o caso

Gabriel foi encontrado morto no rio embaixo de uma palafita. Na ocasião, a família da vítima relatou à CENARIUM que, por volta de 13h do dia 27 de julho, a família estava reunida para almoçar, quando policiais realizaram a abordagem à residência.

Durante a abordagem, os familiares de Gabriel alegaram que a polícia efetuou vários disparos no local atingindo o menino que caiu no rio e sumiu. O animal de estimação da família também foi baleado no local e morreu. Um homem identificado como Danrley Sullivan Passos Maullmann foi preso após ser encontrado pela polícia escondido embaixo de uma palafita. Danrley seria o padastro de Gabriel.

“Tô (sic) sem meu filho, sem direção, sem saber o que fazer, e sem meu marido que está preso injustamente. Perdi o meu filho, agora a casa está só o buraco, vazio, nem o meu marido eu tenho para me dar uma força. Acabou minha vida. Já perdi o meu filho, não tenho mais sentido de nada. Eu só quero justiça, o meu filho tinha só 12 anos”, disse Gleice Lima, mãe de Gabriel durante o enterro do filho.

Pedro Ozanar, avô da vítima, ressaltou que a criança era sonhadora e cuidadosa, que Gabriel almejava ser jogador de futebol e relembra o volume de policiais dentro da residência na hora do ocorrido. “Eu calculei 17 policiais, todos atirando”, afirmou o avô de luto.

Em tom de profunda tristeza, o avô materno de Gabriel desabafou: “Acabaram com o sonho do meu neto. Alegaram que aqui tinha droga, que tinha fugitivo. Ele era uma criança nervosa, ele não podia ver briga, confusão, toda noite ele perguntava porque as pessoas morrem. Ele sempre gostava de dizer que ia trabalhar para poder ajudar a mãe dele”, contou o avô do adolescente.

Posicionamento

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP) afirmou que as equipes policiais se dirigiram até a residência após denúncia sobre a presença de um foragido no local. A SSP afirmou ainda que os policiais foram recebidos a tiros. O padrasto de Gabriel, Danrley Sullivan Passos Maullmann, foi preso com uma arma de fogo e três munições, sendo três intactas e três deflagradas, segundo o documento.

A nota também informou que o secretário de Segurança, coronel Louismar Bonates, determinou à Corregedoria-Geral do Sistema de Segurança a abertura de procedimento para investigar o caso.